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Para eles, cobras, dragões e caramujos também são bichinhos de estimação

Ágata chegou quando dona tinha câncer: "Acredito que a troca de energia foi essencial e me recuperei bem" | Walter Fernandes / Gazeta Maringá
Ágata chegou quando dona tinha câncer: "Acredito que a troca de energia foi essencial e me recuperei bem" (Foto: Walter Fernandes / Gazeta Maringá)

Paixão que não se explica, vontade de ostentar o que poucos têm e a possibilidade de interagir com estudantes de uma maneira totalmente diferente. Estas são algumas das explicações que levam diversas pessoas a trocarem cães, gatos ou passarinhos por animais exóticos e silvestres no ambiente doméstico.

A dona de casa Lucia Helena Lourenço, 50 anos, é uma delas. Ela teve câncer pela terceira vez há quatro anos. Desanimada por conta da doença, pediu ao marido que realizasse um sonho que tinha desde a infância: ter uma serpente de estimação.

Sensibilizado, um criador de cobras descobriu a história de Lucia e a presenteou com Ágata, uma píton albina. "Sou mística, então acredito que a troca de energia com ela [a píton] foi essencial e me recuperei bem [do câncer]", contou.

Segundo Lucia, os primeiros dias com a píton foram difíceis porque o marido tinha medo da cobra. Essa sensação ruim por parte dele, no entanto, terminou com o tempo. "[A pinton] É o nosso xodó."

O animal come três lebres de dois quilos a cada 46 dias. A dona da serpente explica que o intervalo na alimentação é o ideal e Ágata nunca ficou agressiva por fome.

A pogona Sammy, um dragão australiano fêmea, também chegou até o vendedor autônomo Robson Schiavon Ferrari, 25 anos, como presente. Um professor de biologia da Universidade de São Paulo (USP) precisou doar alguns animais e o maringaense foi contemplado.

Sammy pode comer de tudo, mas o dono a cria como onívora desde quando a recebeu, em 2002. "Mantemos uma dieta balanceada com insetos, legumes e frutas. Poderia comer carne, mas desde filhote ela foi tratada assim", explicou Ferrari.

Diferentemente de cães, por exemplo, o dragão não reconhece o dono ou apresenta sentimentos à família pela qual é criada. "Ela não tem esse senso de percepção", disse. "Sempre criamos da maneira certa e simulamos o habitat dela. Isso contribui para o animal ficar sossegado e tranquilo."

Cuidados

Apesar da boa ligação entre Lucia e Ágata e Robson e Sammy, o professor de biologia Ivan de Carvalho, que cria caramujos gigantes brasileiros, explicou que cuidar de animais selvagens e exóticos possui mais pontos negativos do que positivos.

Segundo o professor, diferentemente de Lucia e de Robson, muitos donos não possuem o manejo ideal para cuidar desses animais. "Colocam em espaço inapropriado, dão alimentos igualmente inapropriados, o que faz o animal sofrer até a pessoa aprender o correto", analisou.

Os caramujos gigantes brasileiros ajudam também Carvalho a ilustrar melhor as aulas sobre moluscos para os estudantes.

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