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Céu dos tempos

Para entender os alienígenas

Roger Rumor oferecia aos participantes artefatos e lembrancinhas do mundo UFO | Sandi Bart
Roger Rumor oferecia aos participantes artefatos e lembrancinhas do mundo UFO (Foto: Sandi Bart)

É manhã de sábado e uma senhora de chapeuzinho bege canta na bancada em que os autores consagrados do meio ufológico autografam livros. Diz ser a "Canção da Terra e do Coração". "Atualmente, me chamo Terezinha", conta. Ela é uma das quase quinhentas pessoas inscritas no II Fórum Mundial de Contatados, Abdu­zidos e Testemunhas, que acon­teceu no fim de sema­na, no Centro de Curitiba. Acre­dita que a humanidade esqueceu a origem do centro do universo. À pergunta "mora na capital?", responde: "Estamos aqui neste mundo apenas de passagem".

No corredor ao lado, Bete Ro­drigues, uma das conferencistas de domingo, está sentada em frente aos livros da contatada venezuelana Martha Rosenthal. Bete conta que foi visitada por extraterrestres quando tinha oito anos. "Es­tava no meu quarto, pronta para dormir, quando um por­tal de luz emergiu em minha frente. De dentro, começou a sair um ser baixinho, bra­ço por braço, pele esverdeada com manchas cinzentas, ma­grinho, olhos oblíquos, a bo­ca como um rasgo, sem orelhas, feio, feio... Escondi-me de­baixo das cobertas. Quando me descobri, dei de cara com aquilo. Podia ter sido uma abor­dagem mais simpática, né?", conclui.

Desde aquela fatídica noite, a paulistana diz travar contato assíduo com extraterrestres. Em 4 de junho de 1986, por exemplo, foi abduzida quando estava próxima a um ponto de ônibus. As poucas lembranças são oriundas de sessões de regressão e hipnose. "Acho que faço parte de algum tipo de pesquisa, iniciada quando era pequena e que irá até o dia que eu morrer. O que me intriga: estão me pesquisando biologicamente ou psicologicamente?" Ela afirma ter um implante alienígena no dedão do pé direito.

Para um principiante em fóruns sobre extraterrestres, o evento organizado por Ademar José Gevaerd, diretor da Revista UFO e um dos estudiosos mais atuantes do meio, passa, à primeira vista, a impressão de um pequeno shopping center das coisas inexplicáveis do céu. Vendem-se camisetas temáticas, revistas, canecas, imãs de geladeira com a expressão "Eu Acredito!", réplicas de óvnis recicláveis, viagens a destinos "sagrados", mapas, DVDs, bonés e muitos livros, com os subtemas mais inimagináveis.

Eustáquio Rangel veio de São José do Rio Preto especialmente para o Fórum. É o seu primeiro evento presencial. Comprou, por R$ 50, "Fogo no Céu", o best-seller de Travis Walton, terráqueo que afirma ter passado cinco dias a bordo de uma nave espacial. Rangel é proprietário de uma empresa desenvolvedora de softwares e toca baixo numa banda de heavy metal. Tem uma filha de dez anos. "Ela acha os grays [espécie de extraterrestres cinzentos, de pouco mais de um metro] fofinhos."

Participantes acreditam que informações são omitidas

Júlio Gomes é um veterano no ramo. Aos 65 anos, frequenta eventos de ufologia há seis. "Quero saber mais, me aperfeiçoar." Acredita que os extraterrestres não querem nada conosco, apenas aprimorar nosso conhecimento, tomar conta da gente e evitar que nos destruamos mutuamente. Ele não tem o terceiro planeta do sistema solar em alta conta. "Somos um lugar medíocre, em processo de involução, um bando de imbecis e ignorantes. Digo ignorante não no sentido pejorativo, entende?". Tem certeza de que o governo brasileiro sonega informações valiosas sobre vida fora da Terra.

Na média, os participantes são homens, com mais de 50 anos, amante dos fenômenos astronômicos desde a infância, desconfiado dos serviços de inteligência do governo e espírita-espiritualista. Alguns poderiam muito bem passar por extraterrestres infiltrados.

Dúvida

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