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Justiça

Para especialista, ministros tiveram a privacidade invadida

São Paulo – Afinal, foi ou não invasão de privacidade? Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), flagrados trocando mensagens eletrônicas num bate-papo online durante o julgamento do mensalão, acham que suas confidências cibernéticas não deveriam ter vindo a público. Sílvio Meira, cientista-chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) e especialista em interpretar fluxos de informação – preferencialmente em sistemas informatizados –, concorda. Fosse ele o juiz, nada de fotógrafos na Corte. "A tela do meu computador é segredo", diz.

A boa notícia, segundo Meira, é que os ministros do STF estão mais conectados do que nunca. "Vejo o fato de os ministros do Supremo Tribunal Federal estarem conectados durante o julgamento do mensalão, ou em qualquer outro momento, de forma muito tranqüila. Isso significa, acima de tudo, que os magistrados da mais alta corte do Brasil estão conectados. Uma ótima notícia. É importante que eles sejam parte da sociedade para julgar e estabelecer os limites, deveres e direitos que dizem respeito a todos nós", explica o cientista, que também é professor da Universidade Federal de Pernambuco.

O assunto das mensagens trocadas pelos juízes variava desde o teor da apresentação do procurador-geral da República ao processo de nomeação do próximo ministro do STF, passando por qual seria o cardápio do almoço daquele dia. Pareciam um pouco distraídos. E realmente estavam. Meira acredita que a atenção dedicada pelos ministros da casa às apresentações dos advogados de defesa era contínua, mas parcial. "O comportamento dos ministros, de papear online durante a sessão, é o que se chama de Continuous Partial Attention (CPA), ou Atenção Parcial Contínua. O conceito é o seguinte: se estiver conectado à internet, eu presto atenção de forma contínua, mas parcial, a tudo que acontece a minha volta. Os cientistas usaram esse nome para sistematizar um comportamento que é muito humano. Ninguém presta 100% de atenção a alguma coisa. A menos que você tenha um foco de sobrevivência muito grave. Se eu estiver no meio de um tiroteio, ou presto uma atenção muito grande em de onde vêm as balas e em como vou sair dali, ou estarei em sério risco."

Bilhetinho

A troca de informações e confidências durante julgamentos é tão antiga quanto a própria Justiça, afirma o professor. "O que vemos hoje é a informatização do bilhetinho que, no passado, circulava por debaixo da mesa. Absolutamente normal.

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