Brasília Diante da possibilidade de segundo turno na eleição para o Palácio do Planalto, indicada em pesquisas de intenção de voto, o comando da campanha petista decidiu jogar o presidente Lula nos braços do povo.
Para popularizar ainda mais a imagem do presidente-candidato, que assumirá o estilo garoto propaganda do governo nas viagens pelo país, o comitê da reeleição prepara vários atos de rua nos estados, a partir de sábado.
A nova estratégia apelará para o tom emocional e pretende realçar o que Lula tem de mais forte: a identidade com os mais humildes. Amparado em pesquisas qualitativas, o publicitário João Santana está convencido de que é preciso sair da retaguarda e exibir o estilo carismático de Lula no palanque para enfrentar com "paz e amor" os tiros dos adversários, principalmente os desferidos por Geraldo Alckmin, do PSDB.
"Animal político"
Apesar de comentar em público que perdeu o hábito de fazer campanha, Lula vive afirmando, em conversas reservadas, que não vê a hora de pôr o pé na estrada. "Sou um animal político."
Ele já decorou até o novo jingle, que não por acaso é um baião ritmo do Nordeste, onde ele aparece com mais de 60% das preferências e o apresenta como o primeiro presidente que tem a "alma do povo" e a "cara da gente".
"Nossa campanha será de mobilização e Lula irá às ruas", diz o presidente do PT, Ricardo Berzoini. "O presidente vai fazer o que ele sempre gostou: participará de comícios, caminhadas e terá contato com o eleitor. Tudo o que temos de melhor é o Lula e não vamos esconder isso, apesar das amarras do cargo", completa o governador do Acre, Jorge Viana (PT).
A largada oficial da quinta campanha presidencial de Lula será dada amanhã, em comício no Recife, justamente no emblemático bairro de Brasília Teimosa, erguido após uma invasão e reurbanizado em seu governo. No domingo, ele tem encontro com intelectuais em Olinda.
Todos os ministros petistas, governadores e prefeitos do partido foram escalados para participar da campanha. Embora a recomendação jurídica do Planalto seja para que evitem comparações entre o governo do PT e a gestão de Fernando Henrique Cardoso, tudo indica que a ordem não vai pegar.
"Comparar é viver", resume o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro. "A norma é clara: nenhum de nós pode, num ato oficial, usar dados comparativos, mas também ninguém pode ser impedido de comparar governos, porque isso seria a violação de um direito elementar."
Respostas
Ataques também não ficarão sem resposta. Mas o contra-ataque será feito por dirigentes do PT. "Quem está no governo evita bater boca e aceitar provocação", diz Berzoini.
Santana se reuniu ontem, pela primeira vez, com coordenadores da campanha de Lula nos estados. Nos próximos dias, o publicitário irá distribuir para os coordenadores estaduais roteiros de como deve ser a campanha em cada local. A idéia é subsidiar os petistas com dados regionalizados.
Ou seja, o coordenador em São Paulo, por exemplo, terá mastigado todos os investimentos no estado.
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