Frente ao boicote anunciado nas redes sociais, o Ministério da Saúde vai adotar medidas adicionais para se certificar de que os médicos inscritos no edital do "Mais Médicos" têm, de fato, interesse em preencher vagas no interior do país e nas periferias.
Assim, ao homologar sua inscrição ao "Mais Médicos", profissionais que já estão em programas de residência médica ou no Provab (programa que leva médicos ao interior em troca de pontos na prova de residência) deverão apresentar uma declaração impressa do desligamento das atividades, assinado pela coordenação dos programas.
Essa demanda passa a valer para as inscrições feitas a partir de amanhã. As inscrições seguem até o dia 25 de julho.Outra medida do ministério será vedar uma segunda inscrição, pelo prazo de seis meses, de médicos que homologarem sua participação e não se apresentarem para o programa, ou daqueles que desistirem nos primeiros seis meses.
Em caso de reincidência nesses atos, os profissionais serão vetados do programa em definitivo.
Até ontem, 11.701 candidatos estavam pré-inscritos no programa "Mais Médicos", que visa distribuir profissionais em cidades onde faltam médicos.
O ministério, no entanto, está fazendo um "pente-fino" nas inscrições, para checar se os candidatos têm interesse real nas vagas ou se se trata do boicote anunciado nas redes sociais, em que mensagens estimulavam a inscrição de um número massivo de médicos para, num segundo momento, desistirem do programa e prejudicarem as inscrições.
Sabotagem
O Ministério da Saúde, Alexandre Padilha, disse ontem que 11.701 médicos (2.335 com diploma do exterior) já fizeram a inscrição pela internet, mas não sabe quantas foram efetivadas com envio de documentos.
"Não queremos ninguém que esteja fazendo qualquer tipo de sabotagem para atrasar um programa que visa oferecer médicos para a população", disse o ministro Alexandre Padilha.
Os médicos também questionam as regras da ajuda de custo que o governo federal oferecerá aos profissionais, que pode chegar a R$ 30 mil, dependendo da região.Pelas normas do programa, na hipótese de desligamento voluntário em prazo inferior a 180 dias, o médico terá que restituir os valores.
"E se o profissional não concordar com as condições de trabalho e quiser desistir? Conheço a politicagem no interior. O prefeito muda, o secretário da saúde muda. Se você não puxa o saco, fica em apuros", diz o psiquiatra João Mario Sales, que se candidatou e desistiu depois.