Discutido há mais de uma década, os projetos do metrô de Curitiba já consumiram mais de R$ 11 milhões em estudos e o novo edital com as correções sugeridas pelo Tribunal de Contas do Paraná é prometido para daqui três meses. Mas o início da obra dentro da gestão Gustavo Fruet esbarrou em um impasse financeiro de difícil solução. A prefeitura ainda não sabe quem pagará a conta da desatualização orçamentária imposta pela inflação. E o governo federal já avisou que não dará mais do que R$ 1,8 bilhão reservado para o projeto, cujo orçamento atual é de R$ 4,691 bilhões.
O prazo de 90 dias para lançamento do novo edital foi dado pelo secretário municipal do Planejamento durante uma sessão realizada na Câmara de Vereadores no último dia 10. O antigo foi suspenso pelo TCE exatamente um ano atrás. Em dezembro passado, os conselheiros acabaram liberando a licitação desde que a prefeitura seguisse três recomendações no novo edital: definir mais claramente o objeto de investimento da Parceria Público-Privada; expedir diretrizes para o licenciamento ambiental por órgão competente; e apresentar uma Pesquisa Origem-Destino válida.
Estudos começaram na gestão Taniguchi
O primeiro investimento em estudos para o metrô em Curitiba ocorreu em 2002, quando o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba gastou R$ 6,9 milhões para contratar projetos de engenharia para a obra. Já em 2007, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) elaborou estudos de viabilidade técnica e financeira. Dois anos depois, foi a vez do Consórcio Novo Modal lançar seus estudos básicos – embrião do atual projeto.
A gestão Luciano Ducci, por sua vez, desembolsou R$ 2,4 milhões em pagamentos ao Consórcio Novomodal e R$ 376 mil à Empresa Ecossistema Ambiental Ltda. A maior parte desse valor saiu de um saldo do convênio que a prefeitura já tinha com a CBTU. Apenas R$ 7 mil foram recursos próprios do município.
Na atual gestão, foi contratado um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) junto ao consórcio Triunfo Participações e Investimentos. Esse levantamento não consumiu recursos públicos, uma vez que o vencedor da licitação da obra é quem indenizará os custos do PMI. Mas um novo investimento já está previsto: O Ippuc gastará R$ 312 mil pelos serviços de Estudo Complementar de Impacto Ambiental.
Apesar do imbróglio, nenhum outro prefeito chegou tão próximo da realização da licitação do metrô em Curitiba. A abertura dos envelopes das empresas aptas a concorrer ao projeto ocorreria no dia 25 de agosto de 2014 -- a suspensão do edital ocorreu no dia 22 daquele mês. Mas passados oito meses da liberação por parte do TCE, a prefeitura ainda lançou o novo edital. Mas a adequação do texto não é o único empecilho.
No último mês de abril, o secretário municipal do Planejamento, Fábio Scatolin, pediu R$ 463 milhões adicionais à União. Em resposta a um pedido de informação feito pela Gazeta do Povo, o Ministério das Cidades já informou que o pleito não será atendido. A pasta disse, porém, que trabalha para encontrar uma solução para o metrô. Já a prefeitura disse ainda não ter sido notificada e que há outras possibilidades em estudo. Uma delas é aumentar o aporte da iniciativa privada, que hoje é calculado em R$ 1,491 bilhão.
Perguntas e Respostas sobre o Metrô de Curitiba
Na antevéspera da abertura dos envelopes, o TCE suspendeu o edital de licitação alegando ter encontrado irregularidades no texto. Ele só foi liberado em dezembro daquele ano.
A prefeitura espera apresentar o novo edital em até 90 dias. Mas ainda não divulgou quem pagará a conta dos R$ 463 milhões referentes à desatualização causada pela inflação
Foram gastos mais de R$ 11 milhões em projetos desde a gestão Cássio Taniguchi. Levando em consideração o projeto atual (gestões Ducci e Fret), foram R$ 2,8 milhões. Esse valor não é recuperável.
No atual projeto, 2,2 Km de extensão serão em elevados e o restante (15,4 km) será subterrâneo. O projeto da gestão Ducci também era subterrâneo, mas as escavações seriam mais rasas e próximas à superfície. Esse projeto custaria R$ 2,3 bilhões. A gestão Fruet entendeu que a obra deve ser no modelo Shield, cuja escavação se dá por uma tuneladora. O custo desse modelo é maior, mas o tempo de obra e o impacto na vida da cidade são menores
Segundo a prefeitura, os estudos efetuados até o momento são contundentes para a opção da escavação com tuneladora. Mas a licitante vencedora do certame terá a obrigação de fazer nova campanha de sondagens e entregar os resultados ao município, antes de produzir o Projeto Básico.
A capacidade atual do BRT nesse eixo é de 9 mil lugares/hora no sentido norte e de 18 mil lugares/hora no sentido sul. O metrô pretende transportar 40 mil lugares/hora já no seu terceiro ano de operação.
Para o executivo municipal, os números atuais da demanda e suas projeções confirmam o traçado escolhido. A prefeitura entende que o metrô fará com que a demanda por transporte público na região dobre entre 2018 e 2048 – chegando a 560 mil passageiros por dia.
O chamado metrô pesado, que é o caso do projeto curitibano, pode transportar até 80 mil pessoas/hora dependo da quantidade de carros. Fabricantes garantem que o BRT pode chegar até 50 mil pessoas/hora, o que atenderia a demanda inicial projetada para o metrô. Mas poderia se esgotar daqui algumas décadas. Entretanto, o custo do metrô por quilômetro é estimado entre R$ 100 milhões e R$ 500 mi, enquanto do BRT não ultrapassa 15 milhões
Não. A pesquisa origem-destino trará uma visão global dos deslocamentos na cidade de Curitiba. Essa informação complementar ajudará a otimizar os estudos a respeito das linhas alimentadoras em relação à linha do Metrô
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