Ocupação
Um homem acusado de atuar no tráfico de drogas do Rio e que estaria com uma submetralhadora foi morto por policiais militares e federais que ocuparam ontem 11 favelas do Lins, na zona norte do Rio. Nove escolas e creches cancelaram as aulas: 3.198 crianças ficaram em casa. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do estado, a ocupação do complexo do Lins será permanente, na tentativa de acabar com a quadrilha de traficantes locais, vinculados à facção criminosa Comando Vermelho (CV). Cerca de 200 policiais participaram da invasão. Até a conclusão desta edição, a polícia não havia informado o nome do morto.
A ministra da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República, Maria do Rosário, disse ontem que o governo está preocupado com o caso do ajudante pedreiro Amarildo Dias de Souza, que desapareceu depois de ser detido por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, na zona sul do Rio. De acordo com Maria do Rosário, deve ser considerada a "hipótese concreta" de que agentes públicos foram responsáveis pelo sumiço de Amarildo.
"A SDH acompanha e tem procurado junto ao governo do Estado que todo empenho seja feito para localização do pedreiro Amarildo. Preocupa-nos a abordagem policial e o posterior desaparecimento. Toda investigação deve ser feita com a hipótese clara, concreta, de que seja uma responsabilidade dos agentes públicos", disse, após participar de cerimônia com atletas paraolímpicos no Palácio do Planalto.
Segundo ela, o abuso de autoridade e a violência policial é algo com o qual "não podemos mais conviver". "A situação do Amarildo não pode cair numa amplitude tal que tenhamos como resposta dizer que muitas pessoas estão desaparecidas após abordagem policial. A primeira suspeição que todos devemos ter é de responsabilidade pública nesse desaparecimento", afirmou.
O pedreiro Amarildo de Souza desapareceu no último dia 14 de julho depois de ser retirado da porta de sua casa por policiais militares e levado para a sede da UPP. Para Maria do Rosário, o episódio não representa a falência do processo de pacificação de comunidades, mas demonstra a necessidade de melhorar a relação da polícia com a comunidade.
"Demonstra que sempre temos que melhorar. Mesmo em comunidades pacificadas devemos procurar construir uma cultura de polícia que esteja próxima. A polícia tem que ser o mocinho. Tem que estar junto com as pessoas da comunidade. Não pode abordar um trabalhador e ele desaparecer", frisou a ministra.
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