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SMARTCITY

Para muito além do carro elétrico

Congresso mostrou uma série de projetos e iniciativas que prometem melhorar a vida nas grandes e médias cidades. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Congresso mostrou uma série de projetos e iniciativas que prometem melhorar a vida nas grandes e médias cidades. (Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo)

Curitiba sediou na última semana o congresso SmartCity Business América, que deve retornar em 2016. As discussões renderam o Protocolo de Curitiba, documento que será lido na conferência da ONU-Habitat, no Equador, no ano que vem e que pretende servir como diretriz para a construção de cidades mais inteligentes. Mas elas também deixaram como legado uma série de projetos e ideias para melhorar as cidades. Listamos algumas dessas propostas, que, se levadas adiante, podem mudar a cara das metrópoles brasileiras e a forma como lidamos com elas. Veja:

Participação comunitária

As redes sociais são pródigas para o debate, denúncia e fiscalização. Mas também podem ajudar a construir políticas. Esse foi o foco dos debates entre os prefeitos de Belo Horizonte, Campinas, Pinhais e Curitiba no primeiro dia do congresso. Dali não saiu nada que equiparasse a participação ao que é visto em cidades holandesas, onde, segundo os próprios prefeitos brasileiros, as prefeituras consultam a população até para mudar o itinerário dos ônibus. Mas há avanços. Márcio Lacerda, prefeito de BH, diz que o município mineiro utiliza um aplicativo para receber dos cidadãos – via mensagem de celular – avaliações sobre serviços e atendimento em órgãos públicos. “Podemos agir com mais precisão”, disse. Em Curitiba, a prefeitura utilizou as redes para construir a Lei Orçamentária Anual (LOA). Ao todo, foram 6.463 propostas na rede – mais do que o dobro daquelas recebidas presencialmente em audiências públicas. “Queremos viabilizar e aumentar a participação das pessoas. Essa participação é fundamental para priorizarmos a tomada de decisões”, disse Paulo Miranda, secretário de Informação e Tecnologia.

Mobilidade

Durante o congresso, um embate se formou: BRT ou metrô? Independentemente do modal, o que ficou evidente nos debates é que o automóvel, como o conhecemos hoje, deve deixar de ser o protagonista. Para o arquiteto e urbanista e ex-governador do Paraná, Jaime Lerner, o projeto de metrô de Curitiba é caro, demorado para sair do papel e não é a melhor solução. O atual prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, rebateu: “Não estamos projetando a substituição do BRT pelo metrô. Estamos projetando uma cidade multimodal, que terá o BRT, o metrô, o ônibus convencional, a bicicleta.” Longe dessa polêmica, Edward Jobson, presidente da Volvo Bus na Suécia, falou que as principais demandas da sociedade em relação à mobilidade são outras. ”Hoje, pensam muito no valor da tarifa e na qualidade do ar”, resumiu. A empresa mostrou um ticket inteligente que permite mensurar quantos quilômetros o passageiro trafega e cobrar o valor proporcional. Assim, em uma mesma linha, você teria passageiros pagando valores diferentes. A Volvo também apresentou um a promessa de um ônibus totalmente elétrico, que reduz em 60% o consumo total de energia em comparação com modelo a diesel. O elétrico hibrido articulado irá ser testado na Linha Verde a partir de 2016. Outras empresas, como Renault e a BYD (montadora chinesa que tem um veículo híbrido em testes em Curitiba) também apresentaram modelos de veículos elétricos. A Renault trouxe o Zoe e o Twizy – modelos que operam nas frotas públicas de Curitiba e Brasília.

Meio ambiente

Representado pelo cacique Almir Surui, o povo Paiter Surui, que vive em Cacoal e Espigão d’Oeste, em Rondônia, apresentou seu projeto de venda de carbono. De cocar, calça jeans e smartphone à mão, chefe Almir explicou como a tribo vê o meio-ambiente. “O povo Surui quer fortalecer a economia, mas com responsabilidade. Quando desmatamos para plantar, temos de recompor. A cada 10 mil hectares para agricultura, plantamos 30 mil mudas.” A meta da aldeia é conservar uma área de 12 mil hectares de mata e evitar a emissão de 7 milhões de toneladas de CO2 até 2038. Lançado em 2012, o programa fechou parcerias com a Natura e com a FIFA. A tribo não revela o valor arrecadado por questões contratuais, mas chefe Almir disse que a empresa de cosméticos, por exemplo, adquiriu 120 toneladas de crédito de carbono. O dinheiro foi revertido na agricultura, em um centro de formação e em um Plano de Proteção Territorial. O mercado de crédito de carbono surgiu a partir do Protocolo de Quioto, acordo internacional que estabelece que os países desenvolvidos devem reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE). Na área do meio ambiente, a feira também contou a apresentação de projetos de construção sustentável preparadas para reutilizar água da descarga, do ar condicionado e energia do elevador.

Tecnologia e conectividade

Com o boom dos smartphones e a grande demanda pela internet móvel, operadoras de telefonia têm apostado em novas soluções para melhorar a cobertura e oferecer pontos de wi-fi em locais de grande concentração de pessoas. As small cells são uma dessas alternativas – pequenas caixas que ampliam o sinal de 3G e 4G e podem ser instaladas junto a postes e fachadas de imóveis, sem gerar poluição visual (ao contrário das enormes antenas de telefonia). Cem desses aparelhos começaram a ser instalados pela TIM no Centro de Curitiba semana passada, em uma parceria inédita com a Copel, que vai disponibilizar os postes de energia que receberão as caixas. O uso desse equipamento ainda é incipiente no Brasil, mas já se popularizou mundo afora: há cerca de 7 milhões de small cells em funcionamento. Outra solução, também adotada pela TIM em Curitiba, é a instalação de biosites, espécie de “antenas camufladas” que têm a aparência de postes de luz. O equipamento de transmissão do sinal de telefonia é instalado dentro deste poste, que também pode ser usado para receber lâmpadas de iluminação ou câmeras de monitoramento.

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