O livre mercado, em sua forma mais pura, pode atrapalhar a criação dos filhos? Essa tem sido a preocupação de uma nova corrente da direita nos Estados Unidos, afligida pela crescente dificuldade financeira para manter uma família no país.
Por isso, grupos como o Centro de Ética e Políticas Públicas (EPPC), um think tank conservador baseado em Washington, lançou recentemente um manifesto em defesa de políticas públicas estatais que facilitem a vida dos pais.
Numa reportagem especial para a Gazeta do Povo, o jornalista Gabriel de Arruda Castro destrinchou o que propõem esses novos conservadores e conversou com um deles. Boa parte das propostas busca condições trabalhistas mais favoráveis para a segurança financeira das famílias.
Um dos signatários da carta, o pesquisador Patrick T. Brown reconhece a importância do ideário liberal na economia para a direita americana, mas diz que essa agenda não basta. “A perspectiva econômica não pode ser a única maneira de olharmos para as políticas públicas; precisamos pensar sobre o impacto de longo prazo para trabalhadores, famílias e comunidades”.
Nos últimos 10 anos, o liberalismo econômico americano e europeu teve forte influência na nova direita no Brasil. Tornaram-se populares pensadores como Milton Friedman, da Universidade de Chicago, ou Friedrich Hayek, da Escola Austríaca. Nas manifestações de rua, era comum ver nas faixas e camisetas a frase “Menos Marx, mais Mises”, uma crítica simples e direta ao principal formulador do socialismo e um elogio a Ludwig von Mises, referência do liberalismo europeu.
O Brasil, diferentemente dos Estados Unidos, nunca foi uma economia efetivamente liberal e aberta. Políticos tradicionais, ditos de direita, sempre tiveram dificuldade em retirar o peso do Estado sobre o mercado e o pagador de impostos. Por outro lado, em boa medida, são sensíveis à necessidade de usar o orçamento público em favor da população mais pobre.
Prova disso é que durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o ministro Paulo Guedes aumentou a transferência de renda do Bolsa Família, que passou a se chamar Auxílio Brasil, em razão da crise econômica gerada com a pandemia. Também abriu mão de recursos públicos para ajudar empresas a manter seus empregados, pagando a eles parte do salário, para que não fossem demitidos.
Nesse sentido, é possível dizer que o Brasil, a seu modo, já incorporou o que a nova direita americana agora propõe? Ou ainda temos de ajustar melhor o papel do Estado na economia? Quais outras influências a nova direita americana terá sobre o campo conservador e liberal no Brasil? E o que mobiliza a direita na Europa hoje?
Esse é ponto de partida da edição desta segunda, 20 de março de 2023, do Segunda Opinião. Participam deste episódio os comentaristas Paula Marisa, Flávio Gordon e Katia Michelin. Estreia na apresentação o jornalista Renan Ramalho, repórter de República em Brasília, que passa a conduzir o programa no lugar de Cristina Graeml.
Esquerda tenta mudar regra eleitoral para impedir maioria conservadora no Senado após 2026
Falas de ministros do STF revelam pouco caso com princípios democráticos
Sob pressão do mercado e enfraquecido no governo, Haddad atravessa seu pior momento
Síria: o que esperar depois da queda da ditadura de Assad
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora