O professor do Mestrado em Organizações da FAE Business School e ex-professor da Universidade Federal do Paraná, Belmiro Valverde Jobim Castor, classifica sua oposição ao Estatuto da Igualdade Racial como "filosófica": "não se constrói uma sociedade fragmentando-a. As reivindicações do movimento negro, como educação e oportunidades no mercado de trabalho, são direitos universais, que não devem ser particularizados criando uma reserva de mercado para um grupo específico", argumenta. "A realidade do negro é dramática, mas não é o Estatuto que vai mudá-la."

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Valverde ressalta que os princípios que guiam o Estatuto – a necessidade de combater a discriminação e a intolerância – são perfeitos, mas os meios escolhidos para transformá-los em realidade são contraditórios. "Um mesmo artigo, o 62, fala em ‘igualdade de oportunidades no mercado de trabalho’ para logo depois mencionar ‘contratação preferencial de afro-brasileiros’", diz. O professor, no entanto, aprova ações como as aulas de História da África e do negro no Brasil.

Para Valverde, a questão é mais econômica que racial. "Os escravos foram libertos e jogados ao Deus-dará, mas outros grupos também sofrem com a pobreza, como os migrantes. A verdadeira razão da exclusão é a pobreza, e não a cor."

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Respondendo às críticas do movimento a favor do estatuto, para quem seus opositores não apresentam alternativas, Valverde diz que elas existem. "É fundamental que o governo passe a cumprir as obrigações que tem para com a sociedade, especialmente saúde e educação de qualidade para todos, independentemente de cor", diz. Para atenuar logo a situação dos negros, Valverde aponta exemplos como o da Universidade Federal de Santa Maria (RS), que não implantou cotas no vestibular, mas passou a oferecer reforço nos colégios públicos da região. "Agora dois terços dos aprovados lá vêm de escola pública. Isso beneficia brancos e negros sem precisar discriminar", completa. O professor também elogia o vestibular da UFPR, que, não considera as cotas na primeira fase. "Ao mostrar a necessidade do mérito, a UFPR tem uma postura prudente."