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A Secretaria Estadual da Segurança Pública (Sesp) desconhece a origem dos dados usados em um relatório da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) que coloca Curitiba, Foz do Iguaçu e São José dos Pinhais entre as cinco cidades com o maior índice de crimes contra a vida do Brasil, conforme mostrou ontem a Gazeta do Povo. De acordo com o órgão estadual, ninguém da Sesp foi procurado para repassar os números que embasam o relatório nacional. "Essa é uma pesquisa furada, fajuta, sem responsabilidade e inoportuna. Não tem a menor confiabilidade. É mentirosa", disse o secretário Luiz Fernando Delazari. As informações da Senasp, relativas a 2005, foram divulgadas anteontem. "É um absurdo o que aconteceu e espero que isso seja corrigido. É lamentável que o estado e três cidades do Paraná tenham sido expostas em uma pesquisa fria como essa."

Restrição

A secretaria estadual não costuma divulgar ou repassar informações sobre criminalidade no estado, alegando que a exposição – por exemplo – de números de homicídio e assaltos prejudica o trabalho da polícia. Pressionado pelos dados negativos mostrados pela Senasp (um órgão do Ministério da Justiça), Delazari, no entanto, apresentou números do Sistema de Geoprocessamento do estado.

Delazari acredita que os dados usados pela Senasp tenham sido reproduzidos de um sistema defasado, que existe desde 1999. "É um sistema ultrapassado que não foi feito para gerar estatísticas. Pode haver duplicidade dos boletins." Delazari também ressalta que os dados coletados no Paraná não podem ser comparados com os de outros estados porque os sistemas de informação são diferentes. Ele afirma que enquanto o Paraná tem um sistema informatizado, outros estados do país repassam informações por telefone. Especialistas ouvidos pela Gazeta concordam que o levantamento da Senasp pode conter falhas que distorcem a comparação entre os estados.

Transparência

A falta de divulgação regular de informações precisas de segurança – como ocorre no Paraná – é criticada com veemência pelo diretor-executivo da ONG Sou da Paz, Dênis Mizne. Para ele, a transparência sobre a violência é o primeiro passo para se ter uma boa política de segurança. "É importante que a população saiba o que realmente acontece na cidade. A não-divulgação é completamente equivocada", afirma Mizne, cuja ONG fica em São Paulo.

Segundo ele, a análise dos números feita por especialistas e pela imprensa é fundamental para que a comunidade saiba o que ocorre em sua região e qual a evolução do setor. "É muito importante que seja uma divulgação completa, que informe onde, em que cidade, o que está acontecendo e qual o público alvo dos criminosos. Assim a população pode tomar medidas corretas e ajuda na diminuição das estatísticas."

No estado de São Paulo, a cada três meses a secretaria de segurança divulga estatísticas relacionadas a dez crimes. As informações podem ser acessadas inclusive pela internet. Caso isso não aconteça, qualquer um pode entrar com pedido formal na Justiça.

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