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Curitiba – A campanha "Diretas Já", que teve origem na emenda constitucional apresentada pelo ex-deputado Dante de Oliveira, em 1984, ainda que não tenha sido aprovada pelo Congresso nacional, desmoralizou o governo militar e mostrou que ele representava o "poder pelo poder". Esta é a leitura feita por Denisson de Oliveira, mestre em Ciência Política e doutor em Sociologia, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). "O movimento demoliu o que restava do apoio popular à ditadura ao promover a ‘baderna’ que os generais exortavam e colocar em xeque o conceito de segurança nacional que era pregado", afirma Denisson.

O professor aponta Dante de Oliveira como criador e responsável direto pelo "maior movimento político da história do país". "A emenda nasce a partir de uma iniciativa pessoal. Ele, inclusive, consultou o deputado Ulysses Guimarães, presidente da Câmara, para saber se alguém já tinha elaborado algo parecido, e foi informado que o projeto era inédito. As ‘Diretas Jᒠtomaram tal dimensão por causa dele".

Colegas

O luto provocado pela morte de Dante de Oliveira se estendeu aos paranaenses que foram seus colegas no Congresso. Hélio Duque e Ayrton Cordeiro, deputados federais ao lado dele, apontam as qualidades do político. Duque afirma que "o Brasil fica órfão de um grande caráter". Ayrton complementa afirmando que Dante era "um exemplo para os mais jovens e um fiscal para os mais velhos".

Ambos estavam presentes na histórica sessão de 25 de abril de 1984, quando a emenda parlamentar que requeria a volta das eleições diretas para presidente foi votada e derrubada.

Reação

Duque era correligionário de Dante no PMDB, e relembra a reação da cúpula do partido: "Em vez de lamentar o revés, fomos comemorar o que chamamos de "revolução vitoriosa". Estávamos felizes porque tínhamos a certeza de que, a partir daquele momento, o Brasil mudaria", relata.

Ayrton Cordeiro, membro da bancada do PDS à época, conta como recebeu a notícia: "Fiquei surpreso e consternado. Foi uma perda prematura". Cordeiro afrima que Dante sabia conviver com amigos e opositores, o que o transformava em um líder agregador. Ele fez o que poucos fazem hoje: atuar por idealismo".

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