A chuva fina não arrefeceu a animação das 800 mil pessoas, aproximadamente, segundo cálculo dos organizadores, que participaram da 15ª Parada do Orgulho LGBT, ao longo de quase toda a extensão da Avenida Atlântica, em Copacabana, no Rio, esta tarde. A parada, considerada a quinta maior do mundo, é realizada pelo Grupo Arco-Íris, pioneiro na luta pelos direitos dos gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, e tem apoio dos governos estadual e municipal, que enviaram seus representantes.
Ano após ano, a organização tenta aliar seu caráter festivo - que atrai muitas famílias, turistas e casais heterossexuais simpatizantes - com os discursos em defesa de direitos como a união civil entre pessoas do mesmo sexo e, este ano em particular, a aprovação, no Senado, do projeto de lei 122, que criminaliza a homofobia. "Dançar e beijar na boca é muito bom, mas não podemos esquecer de falar que a homofobia atinge a todos. Quando chamam o menino na escola de 'veadinho', a família toda é afetada, os amigos sofrem por tabela."
As intervenções feitas do púlpito lembraram também a violência física contra homossexuais. A cada dois dias, um brasileiro é assassinado por causa de sua opção sexual. A discriminação também é preocupante. Segundo pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo (FPA) no ano passado, 26% dos brasileiros admitem seu próprio preconceito.
Chamaram atenção na parada faixas com dizeres como "Sou gay, e pela graça de Deus sou o que sou" e "Homossexualidade - A Bíblia não condena" e alusões ao "obscurantismo que marcou as últimas eleições", no tocante à causa homossexual e da mulher.
O ativista Claudio Nascimento, desbravador da militância gay, lembrou das dificuldades que marcaram os primeiros anos da parada. "Eu tinha apenas 25 anos e vi que precisávamos mostrar que éramos muitos. Fomos à Prefeitura e eles não queriam deixar que a parada fosse em Copacabana, tinha que ficar escondida. Saímos de baixo do tapete."
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