Um bloco com o tema “Crianças Trans Existem” durante a realização da 27ª Parada LGBT, que aconteceu neste domingo (11) na cidade de São Paulo, atraiu críticas diversas, de famílias a parlamentares de Brasília. O desfile do bloco contou com a presença de várias crianças caracterizadas como pertencentes ao sexo oposto conduzindo faixas elaboradas por entidades de ativismo LGBT. A ação foi organizado por uma ONG, cuja presidente é mãe de uma criança de oito anos, que iniciou processo de transição de gênero quatro anos atrás.
O desfile foi bastante celebrado por ativistas transexuais, que defendem que crianças com disforia de gênero (desconforto com as características do sexo biológico) devem passar pela transição de sexo independentemente da idade. No Brasil, somente maiores de 18 anos podem realizar cirurgias de mudança de sexo, como estabeleceu a diretriz 2.265 de 2019 do Conselho Federal de Medicina. Já a hormonioterapia cruzada (tomar hormônios do sexo oposto e, no caso dos garotos, também interromper a testosterona), só é permitida a partir dos 16 anos, quando a puberdade está avançada, com autorização de pais ou responsáveis.
Em entrevista à Gazeta do Povo, a psicóloga Akemi Shiba explica que a adoção de uma identidade pública como transexual pode causar confusão em uma fase da vida que costuma ser marcada por mudanças rápidas. “A criança está em desenvolvimento de sua identidade, que não é só gênero. Às vezes a criança tem um problema de identidade, ou está apenas se desenvolvendo, e as pessoas por vezes encaixam tudo como se fosse uma questão de gênero”, afirma.
Como apontam diversos estudos, até 90% das crianças que dizem querer ser do sexo oposto desistem quando alcançam a puberdade. O processo de transição de gênero, no entanto, levado a cabo pelos pais quando a criança ainda é incapaz de tomar uma decisão como esta, de grandes proporções, traz impactos físicos e psicológicos irreversíveis.
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