Formalização
Nas ruas, a pirataria está por todos os lados. É difícil não ver uma peça falsificada em destaque na vitrine. Mas em lojas voltadas para turistas, a situação é outra. Muitas delas, hoje, já emitem nota fiscal e garantem a procedência da mercadoria.
A polícia paraguaia, com apoio do Ministério Público, também faz blitze e apreensões de produtos piratas no comércio de Ciudad del Este, embora seja difícil conter a ação dos falsificadores.
"Quando tem blitze, as lojas ficam sabendo com antecedência e já escondem as mercadorias piratas", diz um vendedor.
US$ 100 é o que custa um aparelho celular Samsung falsificado, à venda em qualquer loja do Centro de Ciudad del Este. O valor praticado pelo produto "xing-ling" é quase três vezes mais barato do que o original.
Destino cobiçado pelo turismo de compras, o Paraguai aos poucos busca reverter a imagem de "paraíso da pirataria". Ações do Ministério Público e da polícia estão em pauta para conter o comércio da falsificação nas ruas de Ciudad del Este, fronteira com Foz do Iguaçu. Porém, uma das principais barreiras é o próprio consumidor. Para manter o status aparente, muitas pessoas não se importam em comprar imitações da bolsa Louis Vuitton ou de um celular Samsung.
No mais recente relatório sobre pirataria elaborado pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos, divulgado no início deste mês, o Paraguai aparece na lista de país "em vigilância" por causa da falsificação. A notícia é boa porque nos últimos anos o país ocupava o rol de "países prioritários".
Membro da Câmara Paraguai-Americana e presidente do Centro de Importadores de Ciudad del Este (Cicap), o comerciante Shariff Hammoud diz que o Paraguai tem feito "tudo o que pode" para se livrar da pecha de pirata. Para isso, não falta apoio da embaixada norte-americana, que dá suporte à polícia e ao Ministério Público nas ações antipiratarias.
Celulares
Na lista de produtos mais pirateados, estão brinquedos, CDs, baterias, cigarros e celulares. Boa parte está à venda nas ruas ou em lojas pequenas. Estimativas dos vendedores indicam que as réplicas de celulares representam 50% do mercado. Entre as quinquilharias, existe até mesmo aparelhos "xing-ling" que levam as marcas Louis Vuitton e Dolce & Gabbana. Eles não existem na versão original, mas fazem sucesso entre as mulheres. "As mulheres compram igual água", diz um vendedor que não quis se identificar. O preço: cerca de US$ 40.
Em algumas lojas, réplicas de celulares das marcas Samsung e Nokia são comercializados livremente. Um Samsung falsificado pode ser encontrado por US$ 100, cerca de três vezes mais barato que o original.
Para o representante da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), Luciano Barros, o Paraguai funciona como um hub para distribuição da pirataria, cujos produtos na maioria são chineses. "O produto mais pirateado pela indústria paraguaia é o cigarro, uma vez que representa 30% do consumo brasileiro e entra em território nacional sem o recolhimento de tributos. Não existe um só maço de cigarros exportado do Paraguai para o Brasil", afirma. O prejuízo da pirataria de cigarros para a indústria nacional é de aproximadamente R$ 5 bilhões ao ano, segundo a ABCF. Cerca de 90% da mercadoria é contrabandeada do Paraguai.
Diretor da Federação de Câmaras Comerciais de Ciudad del Este (Fedecamâra), Tony Santamaría, diz que a responsabilidade de combater a pirataria é dos fabricantes. "Nós compramos equipamentos de boa-fé", diz. Para ele, a Organização Mundial do Comércio (OMC) precisa punir a China pela venda de falsificados.
Rede emprega mulheres e adolescentes
Muitos produtos já chegam da China falsificados, mas o Paraguai também tem sua própria rede da ilegalidade. Nos porões de Ciudad del Este, selos, carimbos e adesivos ganham a vez em roupas, sapatos, pen drive, carcaças de celular ou bolsas. Algumas peças da engrenagem pirata também são trazidas da China.
Nas ruas, a pirataria é movimentada por ambulantes e camelôs. Entre eles, mulheres e adolescentes.
Jorge*, 22 anos, é um deles. Vendedor de meias, ele diz que muitos clientes sabem que estão comprando produtos falsos, embora não se importem porque o preço é mais em conta. "Tem brasileiro que vem é só quer comprar coisa mais barata e aí acaba comprando falsificado", diz. O rapaz repassa produtos falsificados há cerca de cinco anos e começou a trajetória na ilegalidade vendendo CDs e DVDs. Ele comercializa imitações de meias das marcas Adidas e Nike e explica, didaticamente, que há diferentes graus de falsificação.
Antonio*, 16 anos, é outro jovem que disputa espaço no concorrido mercado pirata. O garoto tem muitos clientes brasileiros. "Eles compram pacotes de meias e vendem do outro lado [Brasil]". Às vezes eles levam 10 pacotes e vendem cada pacote por R$ 35 ou R$ 45. Clientes brasileiros é o que mais os rapazes mais têm. "Eles já conhecem a gente. Dizem olha aí o menino que vende meia para nós".
*Os nomes são fictícios
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