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Foz do Iguaçu – Indignados com a ação anticontrabando da Receita Federal (RF), que está apreendendo táxis em Foz do Iguaçu, motoristas paraguaios pressionam o governo do país a expulsar brasileiros que trabalham ilegalmente em Ciudad del Este e mantêm propriedades rurais na faixa de 50 quilômetros da fronteira. Ontem pela manhã, eles tentaram fechar a Ponte da Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai, mas foram impedidos pela tropa de choque da Polícia Nacional paraguaia. Não houve conflito.

O protesto começou por volta das 10 horas, depois que os taxistas fizeram uma assembléia e saíram em caravana em direção à ponte. Ao chegar próximo à aduana de Ciudad del Este, eles foram intimidados pela presença de aproximadamente 40 policiais e de um caminhão hidrante usado para dispersar manifestações. "A ordem é evitar o fechamento da ponte", disse o chefe da Polícia Nacional do Paraguai, Aníbal Leon.

Apesar disso, os taxistas permaneceram até o fim da tarde concentrados na cabeceira da ponte, no lado paraguaio, sem circular com passageiros. Com isso, várias pessoas atravessaram a ponte com mercadorias em carrinhos de mão. Os motoristas prometem fazer manifestações até o governo paraguaio atender às reivindicações e pressionar o Brasil a determinar o fim da apreensão de táxis em Foz do Iguaçu. "Nosso problema é ter garantia de trabalho no lado brasileiro", diz o taxista Henrique Rolon, do Sindicato dos Taxistas Unidos de Ciudad del Este (Taude). De acordo com a categoria, somente na semana passada 12 veículos com placas paraguaias foram retidos na área da Ponte da Amizade. Desde março, o número chega a cerca de 100.

Segundo Rolon, os taxistas estão de acordo com as apreensões desde que os táxis estejam com drogas ou tenham fundos falsos. No entanto, com base em uma lei aprovada há 40 anos no Brasil, a RF sustenta que táxis, Vans e Kombis não podem transportar mercadorias para fins comerciais.

O vice-presidente da Federação dos Taxistas de Ciudad del Este (Fetace), Jone Castilho, diz que os motoristas querem que o governo paraguaio aplique leis que dizem respeito aos brasileiros com o mesmo rigor que o governo brasileiro usa contra os paraguaios. "Pedimos que se faça justiça e cumpra a lei, ou seja, que sejam expulsos os brasileiros que trabalham nas lojas e os que vivem no Brasil, mas têm terras aqui", salienta.

Os taxistas dizem que há funcionários clandestinos entre os 7 mil brasileiros que trabalham em lojas de Ciudad del Este. Também sustentam que o governo paraguaio não cumpre a lei que proíbe os estrangeiros de manter propriedades rurais na faixa de segurança de 50 quilômetros da fronteira do país, área que seria exclusiva dos paraguaios.

Em março, após o fechamento da Ponte da Amizade por quatro vezes consecutivas, motivado pelo início da apreensão dos táxis, os motoristas formaram uma comitiva e foram recebidos pelo presidente do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos. No entanto, segundo os motoristas, o governo não cumpriu a promessa de buscar alternativas de emprego para a categoria não depender do comércio de importados, que está em baixa, e fazer o Brasil flexibilizar a fiscalização anticontrabando. Cinco sindicatos, que reúnem 1,5 mil taxistas, estão apoiando os protestos na fronteira.

O prefeito de Ciudad del Este, Javier Zacarías Irún, que apoiou a última onda de protestos na Ponte da Amizade, em março, desta vez manteve-se distante do tumulto. Em entrevista a uma rádio local, Irún disse que apóia as reivindicações dos motoristas, mas é contra o fechamento da ponte. Segundo ele, os problemas da categoria serão discutidos com o presidente Nicanor Duarte, que visitará Ciudad del Este nesta semana.

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