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Ônibus parados durante a manifestação dos motoristas, no Terminal Sacomã | Oswaldo Corneti/ Fotos Públicas
Ônibus parados durante a manifestação dos motoristas, no Terminal Sacomã| Foto: Oswaldo Corneti/ Fotos Públicas

A circulação dos ônibus começou a voltar ao normal em São Paulo por volta do meio-dia desta quarta-feira (5), após paralisação de duas horas que fechou todos os terminais da cidade e afetou cerca de um milhão de passageiros.

O ato foi motivado pelo aumento dos ataques a ônibus - alvo de incêndios pela cidade desde 2013. O estopim foi a morte do motorista John Brandão, de 40 anos, em 22 de outubro, após ter 70% do corpo queimado em um ataque.

Com o acúmulo de veículos nos terminais e nas avenidas de acesso, ainda são grandes as filas em toda a cidade. A SPTrans, empresa da prefeitura que gerencia o transporte, estima que a normalização leve mais algumas horas.

No terminal Santo Amaro, na zona sul, os passageiros voltaram a se concentrar nos pontos minutos antes do fim da paralisação.O primeiro da fila para embarcar no ônibus da linha 5111-10, com destino ao Parque D. Pedro, era o estudante Diego Soares, 23. "Os motoristas me informaram que ao meio dia acabaria a paralisação, então resolvi esperar", disse. Ele esperou mais de uma hora pelo veículo, que só partiu às 12h34.

Boletim

A SPTrans, empresa da prefeitura que gerencia os ônibus, informou que irá registrar um boletim de ocorrência contra o sindicato da categoria por causa da paralisação.

"A reivindicação deles é justa, mas não precisa parar a cidade e prejudicar a população", disse Almir Chiarato, diretor de operações da SPTrans.

"É uma manifestação pela vida, e não pelo patrimônio. A população precisa se conscientizar de que queimar ônibus não resolve nada. Virou moda, queimar ônibus hoje é como queimar lixo", disse José Valdevan, presidente do sindicato dos motoristas.

Para minimizar os transtornos, a SPTrans afirma que diversas linhas estão sendo desviadas para evitar que os ônibus fiquem presos nos terminais. Os veículos estão mudando o ponto final para locais próximos de estações de metrô e trem.

Chiarato disse que, embora o horário da paralisação seja o de menor movimento no sistema, é possível que seus efeitos se estendam até o período da tarde, pois a normalização pode demorar.

O diretor afirmou ainda que a prefeitura vai aplicar multas às empresas de ônibus por todas as partidas que não forem cumpridas, com base nos registros dos GPS instalado nos coletivos.

O SP-Urbanuss (sindicato das empresas) diz que "apoia a causa", mas "não compactua com a paralisação".

Trânsito

Além de afetar o transporte coletivo, a paralisação também causou impacto no trânsito, já prejudicado pela chuva.

Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), havia 89 km de lentidão às 11h, o que representa 10,3% dos 868 km de vias monitoradas. O índice está acima da média para o dia e horário (9,3%).

A Secretaria Municipal de Transportes afirma que está tomando "todas as medidas na tentativa de diminuir transtornos à população".

Foram acionados planos de emergência com ônibus reserva e a CET organizou um esquema de "monitoramento intensivo no trânsito em toda a cidade".

O Metrô e a CPTM informaram que estão operando com frota máxima nos horários de pico desta quarta e que composições reserva poderão ser acionadas, se necessário, durante a paralisação.

A prefeitura diz também que foi pedido à Polícia Militar um policiamento preventivo nos terminais, com apoio da Guarda Civil Metropolitana.

Horário

Inicialmente o protesto teria quatro horas de duração, mas foi reduzido, segundo o sindicato, após apelo da Secretaria da Segurança Pública.

Uma reunião com a pasta no fim da noite de terça (4) decidiu que os trabalhadores integrarão uma comissão criada para tratar dos ataques a ônibus.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse na terça que a polícia está empenhada em descobrir e prender rapidamente quem participa dos ataques.

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