Autorizado pelo governo federal há uma semana, o recurso de R$ 2,1 milhões para ajuda humanitária aos atingidos pela chuva ainda não chegou ao Paraná. Na sexta-feira, o Ministério da Integração Nacional informou que o auxílio virá na forma de kits (de alimentos e dormitório) e não em depósito bancário, como era esperado até então. Segundo a assessoria do governo do estado, até o fim do expediente, às 13 horas de ontem, nenhum kit havia chegado à Secretaria da Família e Desenvolvimento Social.
Procurado pela reportagem na tarde de ontem, o ministério disse não ter novidades em relação às informações já enviadas à Gazeta do Povo na última quinta-feira. Na ocasião, a União afirmou não ter recebido o pedido paranaense de R$ 160 milhões para a reconstrução das rodovias estaduais danificadas pela chuva. Apenas uma solicitação de R$ 3,15 milhões para a compra de óleo diesel a ser usado na recuperação de estradas rurais, estava nas mãos do ministério. A liberação do recurso depende do envio de um plano de trabalho detalhado, que, de acordo com a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, já está sendo providenciado pelo estado.
Na semana passada, no entanto, a assessoria do Palácio Iguaçu disse estar ciente de que a verba para reconstrução da malha rodoviária depende de um plano de trabalho, que só será feito quando a água baixar em todas as áreas afetadas. Estimativas do estado apontam que o prejuízo da chuva nos 155 municípios afetados deve ficar entre R$ 600 milhões e R$ 1 bilhão.
Dos pedidos feitos até o momento, o governo estadual afirma ter recebido apenas R$ 346 mil em recursos financeiros. Também já foram enviados ao Paraná 4,2 mil kits de alimentos (R$ 346,8 mil), 4,2 mil kits de dormitório (R$ 699,8 mil), apoio com helicópteros do Exército (R$ 90 mil), implantação de três pontes móveis (R$ 570 mil) e ações de socorro por parte do Exército (R$ 105 mil). Os R$ 2,1 milhões da segunda remessa estão divididos em 10 mil kits de alimentos (R$ 825,8 mil) e 8 mil kits dormitório (R$ 1,3 milhão). Já a solicitação de 9 mil kits de higiene, 9 mil kits de limpeza e 550 toneladas de ração animal, para alimentar criações de áreas afetadas pela chuva, também não teria chegado a Brasília.
Deslizamento de terra atinge mais quatro casas e três carros em Natal
Das agências
Quatro casas desabaram na madrugada de ontem após mais um deslizamento de terra no bairro Mãe Luíza, em Natal, segundo informações da Defesa Civil. Três carros que estavam trafegando pela Avenida Governador Sílvio Pedroza, no bairro de Areia Preta, ficaram soterrados. Não houve vítimas fatais. Desde o dia 13 deste mês, a capital do Rio Grande do Norte sofre com os prejuízos causados pela chuva. A Defesa Civil está construindo barreiras para conter a água nos locais em que ainda existe risco de deslizamento.
Esse foi o terceiro grande deslizamento de terra ocorrido na última semana em Natal. Cerca de 140 famílias estão desabrigadas há nove dias, por causa dos desmoronamentos de casas. O prefeito Carlos Eduardo (PDT) já garantiu que o Executivo custeará aluguel para os desabrigados.
No bairro de Areia Preta, dois prédios de luxo, localizados na Avenida Governador Sílvio Pedroza, foram desocupados desde a semana passada. Todo transtorno nessa avenida ocorre porque a areia do desmoronamento segue toda para o trecho, que fica localizado à beira-mar. No domingo, a avenida havia sido liberada, com a conclusão do trabalho de retirada da terra do local, mas ontem o trecho, com o novo deslizamento, estava totalmente tomado pela areia.
Calamidade
Por causa dos estragos, a prefeitura decretou estado de calamidade pública na segunda-feira passada (16). Segundo o secretário de Segurança Pública e Defesa Social, Paulo César Ferreira, cem casas foram atingidas desde o início dos temporais. Algumas famílias foram para a casa de parentes e outras estão abrigadas em escolas públicas.
Na sexta-feira (20), o ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, visitou Natal para conferir prejuízos causados pelas chuvas. Segundo o ministro, o governo federal vai ajudar na assistência aos desabrigados e na reconstrução das áreas destruídas.
O trabalho vai começar com o envio de geólogos do Serviço Geológico do Brasil para analisar o solo da região, e de soldados do Exército para recuperar as ruas que foram danificadas.