Danton da Rocha Loures: pacientes tiveram melhora significativa.| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

Duas ações inéditas no Paraná prometem melhorar a vida de quem sofre com problemas cardiovasculares. Uma pesquisa com células-tronco feita pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) ainda em fase de testes já apresentou resultados positivos de regeneração de vasos sanguíneos e contração muscular. Outra boa notícia vem do Hospital Nossa Senhora das Graças, que fez há duas semanas uma cirurgia para combater um aneurisma na aorta. A operação diminuiu o risco de morte do paciente para 1%.

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Os pesquisadores da UFPR aplicaram células-tronco em 11 pacientes que tinham cardiomiopatia dilatada, doença que aumenta o músculo cardíaco ou o deixa rígido e grosso. O coração fica mais fraco e menos capaz de bombear o sangue para o corpo, causando insuficiência e arritmia. Quando a cardiomiopatia está avançada a única solução é o transplante. O problema é que o número de doadores é muito pequeno para a demanda de receptores e há exigências como a necessidade de compatibilidade sanguínea.

Em busca de uma alternativa, um grupo de pesquisadores da UFPR e do Hospital de Clínicas começou a investigar outras possibilidades. O novo tratamento consiste em retirar as células-tronco do próprio paciente e aplicá-las nas regiões do coração que estão prejudicadas. "Conseguimos provar que onde há aplicação existe uma melhora significativa", explica o médicos Danton Richilin da Rocha Loures.

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Os profissionais acreditam que se as células fossem do cordão umbilical os resultados seriam mais positivos para a contração cardíaca. "Essas células são mais plásticas e têm maior capacidade de contração", diz o médico Juliano Mendes. Ainda faltam nove meses para o fim da pesquisa, mas a previsão é que a técnica esteja disponível somente daqui a cinco anos.

Demilton Dias Tavares, de 68 anos, denomina-se um "sobrevivente das células-tronco". Ele foi o primeiro paciente da iniciativa e há um ano tem vida nova. Antes, qualquer escada ou subida eram um desafio. Hoje, as caminhadas só não são mais comuns como aos 20 anos em razão da labirintite. O maior benefício foi a sensação de bem-estar. Apesar da inovação do tratamento, Tavares não ficou com medo e pesquisou muito sobre o assunto antes de decidir. "Sou um homem rústico. Sabia que deveria fazer. Somente minha mulher e meus filhos ficaram um pouco receosos."

Pioneirismo

Os médicos do Hospital Nossa Senhora das Graças fizeram há duas semanas uma cirurgia inédita no Paraná. O paciente tinha um aneurisma na aorta, que tinha 7 cm de diâmetro quando o normal é 2 a 3 cm. A doença é bastante comum em diabéticos, hipertensos e fumantes. No procedimento tradicional, toda a artéria é trocada por uma prótese. A operação é muito mais invasiva e há necessidade de abrir todo o peito do paciente. Isso acarreta risco maior de falência múltipla dos órgãos e morte.

Com a nova tecnologia, uma prótese é colocada por dentro da artéria, em uma região localizada na virilha. Não há necessidade de uma grande cirurgia. A ação é menos agressiva e permite uma recuperação mais rápida. Foi necessário somente um dia na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e dois dias depois o paciente já estava andando.

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A operação tradicional exige pelo menos cinco dias na UTI. "Nosso paciente já foi até para o baile e tem apenas duas semanas de cirurgia", comemoram os médicos Márcio Miyamotto e Ricardo Moreira. A prótese é importada da Austrália, feita sob medida e tem pequenos ramos para manter a circulação para os órgãos do abdômen. Os médicos afirmam que o futuro das cirurgias cardíacas será em operações semelhantes. "Os procedimentos que exigem abertura do peito e grande riscos para os pacientes serão a exceção e não a regra como é hoje", afirmam.