O Paraná é o estado do Sul que tem os melhores índices do ensino superior. Os paranaenses têm o maior número de vagas e instituições de ensino da região. Em comparação com os demais estados brasileiros, ocupa a quarta posição nacional, ficando atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em 2007, as faculdades e universidades paranaenses registraram quase 95 mil matrículas. Os dados fazem parte do Censo da Educação Superior elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Apesar disso, especialistas alertam que ainda é preciso muito investimento para que o estado alcance países desenvolvidos, onde cerca de 70% dos jovens estão na universidade.
A diretora de estatísticas do Inep, Maria Inês Pestana, afirma que o Paraná ocupa um lugar de destaque no cenário nacional. O estado diversificou o ensino superior e tem vagas em cursos tecnológicos e graduação a distância, além da presencial. "Os dados mostram que o estado continua bem e tem investimentos tanto no setor público como no privado". A diretora aponta a área tecnológica como a que mais vai gerar mão-de-obra qualificada no futuro e pode mudar o perfil das universidades no país. "Esta é uma tendência mundial."
Maria Inês diz que a Região Sul conseguirá atingir a principal meta do Plano Nacional de Educação (PNE) para o ensino superior, que é ter 30% da população de 18 a 24 anos matriculadas em universidades até 2011. Hoje esse porcentual está em 26%. No Brasil, o índice é de 12% especialistas dizem que é quase impossível o país atingir os objetivos do PNE. "Esses dados refletem a desigualdade brasileira", avalia Maria Inês. Mesmo assim, ela se mostra otimista em relação à ampliação de vagas. "O governo federal está fazendo fortes investimentos nesse setor". Ela argumenta que o Reuni, programa federal para reestruturação e ampliação das universidades federais, não foi contabilizado no Censo, que analisou dados de 2007. "Provavelmente nos próximos estudos teremos resultados ainda mais positivos".
Prosperidade
O sociólogo e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Lindomar Wessler Boneti acredita que um fator que impulsionou o ensino superior no estado é a prosperidade econômica dos últimos anos e o bom nível de renda da população. "Isso estimulou o surgimento de universidades privadas". Ele também destacou os investimentos do governo federal no estado, como a criação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
Mas o avanço mostra também que o investimento na educação começou tarde no Brasil. "Começamos a falar em ensino para todos somente na década de 30. Há dez anos os resultados do número de jovens nas universidades brasileiras eram ridículos". Como saída para a defasagem, o sociólogo aponta para a continuidade dos atuais programas com um investimento maciço no setor. "A tradição no Brasil é do ensino para a elite. Só vamos mudar esse quadro com a democratização do acesso."
Críticas
A coordenadora do curso de pedagogia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ângela Fátima Soligo, argumenta que é preciso criar mais vagas nas instituições de ensino públicas, porque elas têm maior qualidade e maior número de pesquisas. "E é justamente onde há o menor número de vagas." Ela diz que, como nas regiões Sul e Sudeste há mais universidades, é preciso investir de forma diferenciada nas regiões Norte e Nordeste. "Isso não ocorre hoje e só amplia as desigualdades." Ela diz que o Paraná conseguirá ultrapassar a meta de ter 30% de jovens no ensino superior.
O secretário executivo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Gustavo Balduíno, afirma que o Brasil precisa ampliar muito o acesso ao ensino superior se quiser atingir as metas do PNE e alcançar índices de países desenvolvidos. Segundo ele, o desempenho do país está longe até mesmo de seus vizinhos latino-americanos. "Se quisermos avançar nesta área precisamos diminuir desigualdades regionais e universalizar a educação básica. Hoje há falta até de candidatos para as universidades. Apenas 40% dos jovens com idade entre 15 e 17 estão no ensino médio", argumenta.