"O Paraná é o braço direito do Primeiro Comando da Capital (PCC) de São Paulo. O estado abriga em seu sistema prisional lideranças importantes da organização criminosa paulista." A análise é do promotor de Justiça do Ministério Público (MP) paulista, Roberto Porto, integrante do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, órgão do MP-SP de atuação similar à da Promotoria de Investigação Criminal (PIC) paranaense e membro do Grupo de Segurança Institucional do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas. Porto esteve nesta sexta-feira em Curitiba, onde participou do seminário "Crime organizado: uma reflexão necessária".

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Segundo o promotor, o Paraná é o segundo estado preferido pela facção devido à proximidade geográfica, que facilita a ação de membros do grupo no estado, e ao fato de que ainda durante o nascimento do grupo, alguns fundadores do PCC cumpriram pena em cadeias paranaenses. "O PCC plantou uma semente aqui e essa semente germinou", define o promotor.

Ele afirma que os líderes do grupo presos no Paraná já estão identificados, e estão sendo investigados e processados. Mas admite que o PCC também conta com um braço operacional fora das cadeias: "Isso ficou evidenciado quando o grupo organizou uma ação que envolveria mais de 100 membros em Foz do Iguaçu. Felizmente essa ação foi descoberta e impedida pelas autoridades paranaenses".

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De acordo com o promotor, duas medidas são fundamentais para combater organizações criminosas que têm o comando atuando dentro dos presídios: o trabalho conjunto entre os ministérios públicos e polícias de diferentes estados e a construção de presídios de segurança máxima. "Catanduvas foi um grande avanço, porque não permite a comunicação com pessoas que estejam fora da cadeia", considera. "Além disso, a cada dois meses, pelo menos, promotores de diversos estados se reúnem no Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas para trocas de informações." Porto ressalta ainda que a Gaeco e o GNCOC têm uma linha de investigação especial sobre os advogados cooptados pelo PCC.

Réplica: Delazari contesta promotor

Para o secretário de Segurança Pública do estado do Paraná, Luiz Fernando Delazari, as declarações do promotor de São Paulo, Roberto Porto, são exageradas e não correspondem ao dia-a-dia da segurança pública no Paraná. "O Porto é um grande profissional, mas ele vive a realidade de São Paulo, e não a do Paraná", diz o secretário. Segundo ele, não é possível se referir ao Paraná como braço direito do PCC.

"Na própria declaração do Porto ele diz que, enquanto várias ações criminosas ocorriam em São Paulo, no Paraná os incidentes foram mínimos", comenta. "Os presos, na realidade, tomaram conhecimento da movimentação em São Paulo pela televisão."

E acrescenta: "Aí aproveitaram a onda para chamar a atenção na mídia. Não se tratou, portanto, de uma ação organizada e orquestrada com São Paulo. Nosso serviço de inteligência, que recebe informações todo dia, dá conta de que não há uma estrutura do PCC no Paraná".

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Delazari refuta inclusive a denominação do PCC. Para ele, a mídia superdimensiona o bando e faz exatamente o que desejam os bandidos . "Dão a propaganda para eles", resume.

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