O Paraná é o recordista em resgate de trabalhadores em condições de escravidão entre os estado do Sul do país, segundo levantamento feito pela Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Entre 2003 e 2007, foram encontradas 224 pessoas vivendo e trabalhando em condições desumanas no estado. Apenas nesta quarta-feira (27), 40 trabalhadores foram libertados em São Mateus do Sul, na região Sul do Paraná.
A mão-de-obra escrava no estado é três vezes maior que em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. O Paraná também está na frente de estados do Nordeste como Ceará, do Norte, Rondônia, Roraima, e do Sudoeste, São Paulo, onde há grande produção de cana-de-açúcar e laranja, atividades apontadas pelos auditores fiscais como as que mais exploram os trabalhadores.
Só em 2007, os fiscais do trabalho encontraram 129 pessoas em condições semelhantes à escravidão no Paraná. O número apresenta um crescimento de quase 70% em relação ao ano anterior, quando 89 trabalhadores foram libertados. O chefe do setor de fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Paraná, Elias Martins, atribui o aumento a intensificação das fiscalizações.
Mudanças na legislação e maior conscientização sobre os direitos humanos também teriam contribuído, aponta Martins. "Algum tempo atrás se achava normal que os trabalhadores rurais usassem privadas improvisadas. Atualmente já se entende que são necessárias condições sanitárias mínimas", explica.
Os trabalhadores liberados nesta quarta-feira pelo Grupo Móvel de Erradicação do Trabalho Escravo trabalhavam no corte de madeira. Segundo o MTE, a maioria dos trabalhadores localizados em condições degradantes no Paraná atuam no Vale da Ribeira, mais precisamente nos municípios de Tunas do Paraná e Cerro Azul, e na região de Guarapuava.
Brasil
Nos últimos seis anos foram resgatados 21.874 trabalhadores de situação degradante ou análoga a de escravo no país. A utilização da mão-de-obra escrava no Brasil tem sido mais freqüente no Norte do país, principalmente no estado do Pará. Nos últimos seis anos, 5.242 foram regatados no estado trabalhando de forma irregular em atividades de agropecuária e produção de carvão vegetal.
Após o Pará, aparecem os estados do Mato Grosso com 1.736 e Mato Grosso do Sul com 1.608 trabalhadores resgatados. O Maranhão, no Nordeste, é o maior provedor de mão-de-obra escrava no país. A assessoria de imprensa do MTE informou que não há um dado concreto da origem dos trabalhadores explorados no Paraná, mas o relato dos auditores fiscais aponta que eles são do próprio estado.
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