Interior
Cursos são mal distribuídos
Apesar de ser um dos estados que mais oferecem vagas no ensino superior, quando se trata da proporção por habitante, o Paraná apresenta lacunas específicas nessa etapa de escolaridade. A Região Oeste é um exemplo. Em Foz do Iguaçu, onde foram instaladas duas instituições federais, a Universidade Federal da Integração Latino-Americana e o Instituto Federal do Paraná, não há curso de Medicina, embora faltem médicos.
A Universidade Estadual do Oeste do Paraná, por sua vez, está pleiteando a instalação da graduação em Medicina em Foz do Iguaçu, apesar de já existir um curso em funcionamento em Cascavel. A proposta para abertura do curso em Foz foi aprovada pela universidade e agora depende do governo, que não tem mostrado disposição em atender ao pedido.
Outra carência na região é a oferta do curso de licenciatura em Física. A diretora-geral do câmpus da Unioeste em Foz do Iguaçu, Renata Camacho, sinalizou que faltam professores de Física na rede estadual. Na região, não há oferta da licenciatura nem mesmo na rede privada. "Quem acaba dando aulas de Física nos colégios são nossos alunos que se formam em Matemática e só têm uma disciplina de Física no curso", diz.
Sistema público federal chegou com atraso
Na análise de Jorge Abrahão de Castro, diretor da Diretoria de Estudos Sociais do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), a universidade federal pública no Brasil é algo recente. Isso explica porque alguns estados, como São Paulo, já tinham um parque universitário estabelecido antes da própria rede nacional. A exemplo do Paraná, o estado de São Paulo começou a ter mais investimentos do governo federal na área do ensino superior nos últimos anos. Lá, em 2005, foi criada a Universidade Federal do ABC. "Em muitos casos, no passado, as estruturas universitárias eram estaduais ou católicas. O sistema federal começou a ser potencializado depois dos anos 80", diz.
Na posição de um dos estados brasileiros que mais investem no ensino superior, o Paraná tem cobrado uma contrapartida do governo federal. De acordo com o coordenador de Ensino Superior da Secretaria do Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), Mário Cândido Athayde, o retorno é feito por meio de investimentos nas próprias universidades estaduais, na forma de financiamentos de pesquisas, e na criação das mais recentes instituições de ensino superior federal.
Foz do Iguaçu - Com cerca de 200 instituições de ensino superior, sendo seis universidades estaduais, o Paraná é a terceira unidade federativa do país com mais vagas na educação superior, atrás de São Paulo e do Distrito Federal. Quando se leva em consideração apenas os estados brasileiros, o Paraná salta para a segunda colocação, com 54 habitantes por vaga. Os dados são do último Censo da Educação Superior e incluem toda a rede pública e privada.
A posição do estado no ranking nacional não se deve apenas à política de investimento público na área, mas também à existência de 164 instituições particulares de ensino superior, que juntas ofertaram 161.295 vagas nos processos seletivos de 2009 (83,7% do total oferecido). Em Santa Catarina, as particulares responderam por 70.400 vagas e no Rio Grande do Sul, por 128.419.
Federais
Nos últimos anos, com a expansão da rede pública federal no país, o Paraná deixou de ser apenas um celeiro de universidades estaduais. O panorama de investimentos federais no estado, que só abrigava a Universidade Federal do Paraná (UFPR), começou a mudar com a implantação da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu, no ano passado; da criação da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), com câmpus em Laranjeiras do Sul, em 2009; e a transformação da Escola Técnica da UFPR em Instituto Federal do Paraná, em 2008. Com esta a alteração, a instituição passou a ofertar todas as etapas de ensino, de cursos técnicos à pós-graduação, e expandiu sua atuação para o interior do Paraná.
Qualidade
O coordenador de Ensino Superior da Secretaria do Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), Mário Cândido Athayde, diz que a proposta do atual governo é concentrar os investimentos na melhoria da qualidade do ensino. "A prioridade não é o aumento do número de cursos, mas a melhoria dos que já existem, além da ampliação vertical. Ou seja, a criação de cursos de mestrado e doutorado", diz.
A criação de mais uma instituição no estado, a Universidade Estadual do Paraná (Unespar), chancela a política de investimento no ensino superior. O projeto, segundo Athayde, consiste em agregar sete faculdades públicas que hoje estão espalhadas nas cidades de Apucarana, Paranavaí, Campo Mourão, Paranaguá, União da Vitória e Curitiba.
O status de universidade obriga a instituição a investir em pesquisa e extensão, fator que pode proporcionar melhoria da qualidade do ensino. A Unespar vai se somar à rede estadual já existente, formada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp). Até o fim do ano, o processo de credenciamento institucional da nova instituição será encaminhado ao Conselho Estadual de Educação (CEE).
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