Ideia é incentivar conservação
Conforme a chefe do Departamento de Biodiversidade do IAP, Mariese Muchailh, o estado precisará estimular os proprietários a conservar, criando Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs) e estabelecendo parcerias com empresas e ONGs, buscando também recursos para a elaboração de planos de manejo das áreas a serem preservadas. Está nos planos do estado divulgar informações sobre o recebimento de ICMS Ecológico pelos municípios e uma lei que permita ao proprietário de área preservada receber de terceiros pela sua manutenção. Assim, quem conservou mais que os 20% exigidos como Reserva Legal poderá "alugar" o seu excedente de floresta para donos de propriedades que não cumprem o mínimo exigido por lei.
"Já temos nosso foco sobre onde atuar. Agora vamos para o como atuar, e para isso precisamos de recursos e parcerias", diz Mariese.
"Agora temos de garantir que as estratégias de conservação dessas áreas sejam efetivamente implementadas e monitoradas. Estamos trabalhando junto com o IAP para isso", diz Fernando Veiga, gerente de Pagamento de Serviços Ambientais da The Nature Conservancy.
Ponta Grossa - O Paraná precisa com urgência proteger o que resta de sua floresta de araucárias e restabelecer corredores de biodiversidade entre as porções florestais resistentes. Para reverter o processo de desaparecimento do que restou, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e a ONG The Nature Conservancy (TNC) lançam na tarde de hoje, em Curitiba, um estudo inédito sobre a biodiversidade paranaense.
O mapeamento das florestas do estado indica as áreas prioritárias para conservação e recuperação. São florestas estratégicas por conterem nascentes de rios importantes, maior ocorrência de fauna ou por representarem ligações entre porções florestais. Apenas 2,4% do estado estão efetivamente protegidos, e o pinheiro representa apenas 0,3% deste total. Os dados são fruto de um estudo feito em conjunto entre órgãos governamentais e sociedade civil. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) produziu o primeiro mapeamento, por meio do Programa Probio. Em parceria com a TNC, Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e IAP cruzaram os dados obtidos no estado com as informações federais, formalizando um diagnóstico sobre a situação da fauna e da flora, apontando as prioridades de conservação.
O estudo envolve, além da biodiversidade, definição de estratégias para itens como água, ar, solo e ocupação humana, através da sobreposição de mapas geológicos, florestais, hídricos e da fauna ameaçada. "É um trabalho bem extenso, onde reunimos um conjunto de estudos das fragilidades e importâncias ambientais do estado", conta Victor Hugo Burko, chefe do IAP. "Com isso retiramos ao final um mapa que estabelece áreas absolutamente prioritárias. A partir de agora sabemos efetivamente o nível de importância em proteger determinadas áreas", explica. Entre as ferramentas disponíveis para conservar áreas importantes estão a criação e manutenção de Áreas Protegidas de Proteção Integral, a criação de Reservas Particulares de Patrimônio Natural, incentivos à manutenção e restauração da Reserva Legal, e proteção e recuperação de Áreas de Preservação Permanente.
Araucária
Como exemplo de área prioritária estão os 300 mil hectares da Serra da Esperança, em Guarapuava, onde nascem os rios Ivaí, Piquiri e Jordão, este um dos principais afluentes do Iguaçu; outras áreas consideradas essenciais são a Escarpa Devoniana, nos Campos Gerais, e as florestas de araucária, encontradas da Serra do Mar até o Oeste paranaense. Nesses locais são encontrados animais ameaçados, como o puma, o lobo-guará e a suçuarana. "No caso da araucária precisamos conservar os últimos remanescentes, que são áreas de alta importância biológica, os ambientes mais ameaçados no Paraná", observa Mariese Muchailh, chefe do Departamento de Biodiversidade do IAP.
Mesmo sem ter tido contato com o estudo, o coordenador da ONG SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, vê com satisfação a utilização das informações para dar base a uma política ambiental. "Quanto mais mapas forem usados, mais informações agregar, melhor é para o gestor público tomar as decisões", avalia Mantovani, acrescentando a necessidade de traduzir o conteúdo também para a comunidade dos produtores rurais, diretamente interessada no levantamento. A SOS Mata Atlântica realizou um diagnóstico semelhante, com base em dados do Ministério do Meio Ambiente, em 2008; o trabalho foi atualizado em 2009. "No estado do Paraná um estudo como esse é decisivo para viabilizar as políticas públicas ambientais", observa.
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