Carga horária equivalente à de universidade
O primeiro lugar no Enem 2012 do Paraná foi comemorado pela coordenadora do curso técnico em petróleo e gás, do Setor de Educação Profissional e Tecnológica da UFPR, Gisele Munhoz Alves. Ela conta que a pequena turma de 22 alunos, responsável pelo bom desempenho da instituição, reservava metade das vagas para alunos de escolas públicas da região de Almirante Tamandaré. "É surpreendente ver como a educação muda a vida das pessoas."
Segundo Gisele, o diferencial do curso é a carga horária elevada, comparável à de um curso superior. Além de atividades matutinas, os alunos ficam algumas tardes na instituição e precisam cumprir 250 horas de prática laboratorial. "Temos bolsas de monitoria, para que estudantes atendam outros com dificuldade. Eles ficam praticamente em tempo integral. Incentivamos a participação em olimpíadas, tempos alunos premiados em física, química e matemática." Atualmente, a concorrência para uma vaga na escola da federal é de 17 alunos.
Receita
Segredo depende de alunos e professores, diz diretora
Colégio disputado em Londrina, o Newton Guimarães foi o segundo melhor colocado do Paraná entre os estaduais. O bom desempenho é histórico. A diretora Sueli Aparecida Lopes Braga comemora o "bicampeonato" no Enem entre as instituições públicas da cidade. O segredo, revela Sueli, é um aluno interessado, acompanhado de perto pela família, além de professores qualificados. "70% dos nossos professores são da casa, 90% têm pós-graduação e 15% têm mestrado e doutorado." Além de projetos de idiomas, teatro, ciências e de um jornalzinho, a escola foca, sobretudo, na formação acadêmica. O resultado é positivo. Só no ano passado, foram 42 aprovações em cursos concorridos na Universidade Estadual de Londrina. "Fazemos o arroz com feijão, bife e salada. Eventualmente, tem um strogonoff", brinca a diretora. A escola não faz testes para preencher as 1,2 mil vagas.
Enem
Diferentemente de anos anteriores, nesta edição o Inep não divulgou as médias gerais das escolas, apenas as médias de cada uma das áreas do Conhecimento e da Redação. A justificativa é que o exame teria uma concepção pedagógica, sem objetivo de ranqueamento. O MEC divulgou o desempenho das 11.239 escolas em que, ao menos, 50% dos concluintes do ensino médio participaram. Também era preciso ter, no mínimo, dez alunos no último ano do médio. Para chegar à média, a Gazeta do Povo utilizou o cálculo do Inep em anos anteriores, que corresponde à média das quatro provas objetivas do Enem, desconsiderando a Redação.
Sétimo lugar no ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012, o Paraná não tem nenhuma escola entre as cem melhores colocadas do país. Diferente do ano anterior, quando o estado emplacou dois colégios no top 100, desta vez a instituição paranaense mais bem colocada o Setor de Educação Profissional e Tecnológica da UFPR aparece na 105ª posição.
INFOGRÁFICO: Cenário do PR com dados do Enem 2012
Atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais e Santa Catarina na classificação geral, o Paraná ficou acima da média nacional nas provas objetivas (Linguagens e Códigos, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza), exceto na de Redação. As notas do Enem 2012 por escola foram divulgadas ontem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo exame.
Embora a primeira colocada do Paraná seja uma instituição federal, as escolas privadas dominam o ranking. Entre as 30 primeiras, por exemplo, aparecem quatro federais, 25 particulares e apenas uma estadual, o Colégio da Polícia Militar, de Curitiba.
Equívocos
Para a professora Andréa Barbosa Gouveia, do Setor de Políticas Educacionais da UFPR, uma leitura que compare o desempenho das escolas públicas e privadas na forma de ranking é equivocada, já que o exame mede, sobretudo, o capital cultural dos alunos, por meio de situações problema.
"É como dar uma Ferrari para um e um Fusquinha para o outro. Já se sabe quem vai chegar primeiro. Alunos de escola particular têm muito mais condições de ir ao cinema, acessam outras possibilidades de aprendizagem. É preciso comparar entre iguais", defende.
A especialista destaca que o Enem mede pouco a qualidade do sistema educacional e muito mais a formação cultural do jovem brasileiro. De acordo com ela, uma análise certeira precisa separar, inclusive, escolas estaduais de federais, já que as últimas selecionam alunos por meio de testes. "Nas estaduais, recebem-se estudantes do conjunto da população, indiscriminadamente. Elas são mais democráticas, não escolhem alunos. É preciso planejar políticas olhando para elas."
Demora do MEC dificulta melhorias
O segundo lugar no ranking paranaense do Enem ficou com o Colégio Universitário de Londrina, primeiro entre as instituições privadas do estado. "É fruto de um trabalho intenso, fazemos o que tem que ser feito. Não temos uma preparação especial para o Enem, nossos alunos saem do terceiro ano prontos e vão muito bem no Enem e nos vestibulares concorridos da Federal, UEL, USP", diz o diretor de marketing, Manuel Machado.
Ele critica a demora na divulgação de dados pelo MEC, o que dificulta a ação das instituições de ensino na melhoria de pontos críticos. "O feedback demora um ano, isso prejudica uma geração de alunos no Brasil todo. Esse resultado de agora só vai beneficiar alunos de 2014, os de 2013 perderam."
Primeiro colocado entre as instituições estaduais, o Colégio da Polícia Militar do Paraná, em Curitiba, tem um trabalho específico de preparação para o Enem e o vestibular. O diretor pedagógico da instituição, tenente George Luiz Dal Apria, explica que os alunos são selecionados por meio de teste classificatório. "Temos uma procura dez vezes superior ao número de vagas. Também atendemos um quantitativo razoável de filhos de PMs. Por isso, fazemos um teste que mede o conhecimento, para ingresso."
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