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Área nos Campos Gerais faz ligação entre vegetação da Serra do Mar e divisa com São Paulo | Roberto Soares
Área nos Campos Gerais faz ligação entre vegetação da Serra do Mar e divisa com São Paulo| Foto: Roberto Soares

Reflorestamento

Floresta de pínus com mata nativa

A antiga Banestado Reflorestadora – atual Ambiental Paraná Florestas – está presente na área há cerca de 30 anos. Em Abapã, distrito de Castro, é visível a convivência entre pínus e mata nativa. De um lado da estrada, inúmeras fileiras da espécie exótica. Do outro, a mata fechada onde estão as nascentes de água mineral.

Segundo o diretor-executivo, Ricardo Cansian, a empresa adotou uma postura que contempla a sustentabilidade econômica, social e ambiental. "Para manter lugares como este é preciso associar a preservação com a produção. Enquanto papel, jornal, sofá e palito de picolé forem feitos de madeira, precisaremos de florestas", afirma, sinalizando que não há como a sociedade atual existir sem a exploração da madeira. "Se não houver reflorestamentos, as pessoas avançam sobre a mata nativa, isso é certeza", aponta.

Para o diretor, contrário ao fim das atividades, a exploração econômica permite a manutenção da estrutura de estradas, aceiros corta-fogo e pessoal. "Tudo isso valoriza a área, que é acompanhada e fiscalizada, evitando invasões e furto de madeira. Se deixar largado, as pessoas invadem".

O Paraná transformou parte da área da Ambiental Paraná Flo­restas, empresa de produção de pínus, mel e resina do governo do estado, na Reserva Bio­lógica da Biodiversidade COP 9 MOP 8. A floresta, que fica no distrito de Abapã, em Castro, já é preservada e compõe um importante corredor de biodiversidade nos Campos Gerais, além de proteger nascentes de rios que abastecem o Vale do Ribeira. A reserva tem 133 hectares e fica a apenas quatro quilômetros do Parque Na­­cional dos Campos Gerais, criado em 2006.

A mata nativa é habitat de felinos, como onças-pretas, pumas e jaguatiricas, além de catetos e diversas aves. Entre as variedades de árvores, destacam-se os majestosos cedros e araucárias. "Nós queríamos criar uma área que não fosse uma ilha, mas que tivesse ligação com outras porções de mata. Então estabelecemos uma área de amortecimento, para ampliar os limites da reserva, e também corredores que seguem o curso de vários rios", conta o diretor da empresa estatal, Ricardo Cansian. Contando com a zona de amortecimento (divisa com área produtiva, a maior parte preservada), a reserva atinge 3 km2. Com ela, são 67 unidades de conservação no estado.

A Paraná Florestas fazia parte do espólio do antigo banco Banestado. O banco Itaú, que fez a compra, não se interessou pela empresa, que tem hoje o estado como acionista majoritário. A estatal tem áreas em outras 12 cidades, somando 44,7 mil hectares, sendo 60% deles preservados, conforme a empresa.

"Através destes corredores, interligamos todas as áreas de preservação do Paraná. Aqui em Castro já começa o Vale do Ri­­beira, então ajudamos a ligar os Campos Gerais à mata na divisa com São Paulo e Serra do Mar", relata o engenheiro florestal Antônio Pizani. Algumas áreas estão sendo recompostas com mudas e parcelas de terra onde é explorado o pínus voltarão a ser recuperadas.

Assinatura

A criação da reserva biológica de Abapã é fruto de um acordo assinado pelo governador Roberto Requião e o secretário-executivo da Convenção da Diversidade Biológica (CDB) da Organização das Nações Unidas, Ahmed Djoghlaf, em maio de 2008 na Alemanha. A ideia surgida du­­rante a Convenção sobre Diver­sidade Biológica (COP 9) contemplava o plantio de árvores suficientes para anular a emissão de dióxido de carbono de todas as atividades do Secretariado da CDB entre 2008 e 2010.

O local foi então sugerido pela Ambiental Paraná Florestas. "É uma diretriz do governo atual não mais fazer reflorestamento de pinus nessas áreas que têm importância como corredor de biodiversidade", afirma o secretário do Meio Ambiente, Rasca Rodrigues.

A região é ideal para observação de pássaros e vai servir como base científica. "As unidades são um núcleo de irradiação de conhecimento e pesquisa. Quanto mais unidades, melhor", indica Maria do Rocio Lacerda Rocha, diretora de Biodiversidade e Áreas Prote­gidas do IAP.

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