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Ricardo Alexandre Vieira, técnico revisor de braile, acredita que a biblioteca será um incentivo à leitura, principalmente às crianças | Fábio Dias / Gazeta do Povo
Ricardo Alexandre Vieira, técnico revisor de braile, acredita que a biblioteca será um incentivo à leitura, principalmente às crianças| Foto: Fábio Dias / Gazeta do Povo

Maringá - Com acervo de 300 obras em braile e livros falados, Maringá ganhou, na última semana, a primeira biblioteca paranaense exclusiva para deficientes visuais. A estrutura inicial não é a ideal, mas representa um grande avanço para os leitores cegos da região, que, até então, não contavam com nenhum espaço semelhante.

A iniciativa surgiu quando o Centro de Apoio Pedagógico (CAP) da cidade, responsável pe­­lo projeto, não tinha mais onde guardar os livros em braile que possui. A biblioteca foi instalada na sede da Associação dos De­­ficientes Visuais de Maringá (Adevimar) e funciona uma vez por semana, toda quarta-feira.

Na estante estão livros de literatura brasileira, como O Alie­nista, de Machado de Assis e Rei­nações de Narizinho, de Mon­teiro Lobato. Também integram o acervo clássicos como os contos dos Irmãos Grimm e até best-sellers internacionais, como Harry Potter, de J.K. Rowling (apenas um dos títulos da série, dividido em 16 volumes).

Diante das dificuldades de custo que envolvem a produção de livros em braile, a biblioteca também aposta na oferta de livros digitais. O sistema consiste em um arquivo de texto que pode ser lido, no computador, por um software específico. O cego ouve o que está escrito por meio de uma voz sintetizada, com a vantagem de que qualquer livro ou texto pode ser convertido para esse formato.

Acesso

O técnico revisor de braile no CAP de Maringá, Ricardo Alexan­dre Vieira, acredita que a biblioteca é um incentivo à leitura, especialmente das crianças que participam de outros projetos da associação.

"O deficiente visual não tem essa cultura de ir à biblioteca e pe­­gar um livro. Na escola ele não ti­­nha um livro para ler. Não são co­­mo vocês (não cegos), que quando precisam de alguma coisa vão pesquisar na biblioteca. O cego não ti­­nha esse direito", diz Vieira. A Fundação Dorina Nowill, de in­­cen­­tivo cultural aos deficientes visuais, estima que apenas 10% dos cegos dominem a leitura braile.

Além do caráter inclusivo, o projeto cumpre ainda outro papel social, já que parte das obras é produzida pelos presos da Penitenciária Estadual de Maringá (PEM). "Os detentos gravam livros falados e também digitam livros didáticos com caracteres em braile. O material fica arquivado e vai sendo impresso conforme a demanda", explica Vieira, que é cego.

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