O Paraná é disparado o estado da Região Sul com o maior número de focos de queimada na última década. Foram 20.580 focos de incêndio entre 2000-2009, número seis vezes maior do que o de Santa Catarina (3.343) e cinco vezes maior que o do Rio Grande do Sul (3.773). Mesmo sendo o campeão no Sul, estados como Pará, Tocantins, Maranhão, Ceará e Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso ainda têm os maiores números de focos de incêndio do país. É o que mostra a pesquisa "Indicadores de Desenvolvimento Sustentável", divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).De acordo com o analista do IBGE no Paraná, Luís Alceu Paganotto, a grande quantidade de focos de incêndio no Paraná está ligada à forma de preparo do solo para a agricultura. "Utiliza-se muito a queimada ainda. Principalmente para a cultura da cana-de-açúcar, o que não se encontra no Rio Grande do Sul e Santa Catarina", afirma. Prática que acaba de ser proibida pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP).
Paganotto explica que é comum queimar as folhas antes de fazer o corte da cana-de-açúcar, para evitar que elas cortem as mãos dos trabalhadores. Com o tempo seco, a queimada pode ficar descontrolada e avançar para outras áreas. Paganotto explica que, no Norte e no Centro-Oeste do país, as queimadas são usadas mais com o intuito de desmatar e limpar o solo para a agricultura. Já no Nordeste, Sudeste e Sul, as queimadas são usadas na cultura da cana.
Segundo o professor do mestrado de Gestão Ambiental da Universidade Positivo (UP) Klaus Sautter, a agricultura no Sul é conservacionista, ou seja, usa o plantio direto em cima de culturas anteriores, sem necessidade de remoção do solo. "Para a agricultura conservacionista, a queimada é inconcebível", diz. Segundo ele, o que pode explicar os dados do IBGE é que Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm adotado mais a agricultura conservacionista que o Paraná.
Além disso, ressalta Sautter, o nível tecnológico maior na agricultura nos estados vizinhos também contribui para que se usem menos queimadas. "O Paraná ainda tem uma agricultura mais primitiva, o que pode levar a isso (maior número de focos de queimadas)", opina. Segundo Sautter ainda, outros estados que têm cultura da cana, como São Paulo, têm leis mais rígidas e fiscalização para impedir a queimada para o corte. "O Paraná, porém, não tem tantas áreas tão grandes de cana. Essa explicação só pode ser atribuída à parte desses números", pondera.
Aeroporto
Ontem à noite, dois focos de queimada atingiram áreas de vegetação na região do Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba. Segundo os bombeiros, o primeiro incêndio ocorreu em um matagal dentro do sítio aeroportuário e foi controlado em menos de 30 minutos. O outro foi registrado em uma área de vegetação na cabeceira 33 do aeroporto. Até as 20 horas, esse foco de queimada ainda estava sendo combatido. A assessoria do aeroporto informou que a fumaça não chegou a prejudicar o funcionamento do terminal. As causas do fogo são desconhecidas.
Colaborou Adriano Ribeiro
Esquerda tenta mudar regra eleitoral para impedir maioria conservadora no Senado após 2026
Falas de ministros do STF revelam pouco caso com princípios democráticos
Sob pressão do mercado e enfraquecido no governo, Haddad atravessa seu pior momento
Síria: o que esperar depois da queda da ditadura de Assad
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora