A oferta de radioterapia no Paraná a partir do ano que vem já não será suficiente para atender o número de pacientes com câncer que necessitam de tratamento. O diagnóstico é da própria Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que estima ser necessário aumentar em 50% a capaciadade de atendimento. Com a atual estrutura, o estado realiza em média 629 mil sessões. Mas, como a projeção do Ministério da Saúde é de que por ano 24.240 novos casos sejam diagnosticados no Paraná, seria necessário um mínimo de 981.720 procedimentos radioterápicos.
O gargalo é resultado do baixo número de hospitais com estrutura suficiente para fazer esse tipo de tratamento. De 22 estabelecimentos credenciados para tratar câncer no Paraná, somente 12 em nove cidades têm condições de realizar radioterapia (veja infográfico). O superintendente de Gestão de Sistemas da Saúde da Sesa, Paulo Almeida, assume que essa é a principal deficiência do estado. Para minimizar o problema, há previsão de ampliação do serviço.
Ao todo, cinco novos estabelecimentos receberão equipamentos e profissionais para realizar o tratamento. A medida faz parte do Plano de Expansão da Radioterapia, do Ministério da Saúde, que selecionou 80 hospitais públicos do país com um investimento total de R$ 505 milhões. No Paraná, dois estabelecimentos de Londrina e um de Guarapuava, Apucarana e Arapongas serão contemplados. "Até o final do próximo ano essas estruturas estarão funcionando", diz Almeida.
Dessa forma, pacientes oriundos desses municípios não precisarão se deslocar para outras cidades como Ponta Grossa, Curitiba e Londrina para realizar o tratamento. Também está prevista a inauguração de um centro de tratamento oncológico, que prevê a oferta de radioterapia, em Umuarama. Hoje, os pacientes dessa cidade precisam percorrer cerca de 170 quilômetros até Cascavel para se submeter ao tratamento radioterápico.
Apesar da falta de estrutura, o gestor garante que o Sistema Único de Saúde (SUS) do Paraná consegue atender à lei federal que estabelece um prazo máximo de 60 dias para que pacientes com diagnóstico de câncer iniciem o tratamento. "O que temos que garantir é integralidade do atendimento, que envolve exames, cirurgias e procedimentos radio e quimioterápicos", ressalta.
O diagnóstico da Sesa salienta que "a distribuição atual de acesso aos estabelecimentos de saúde permite na grande maioria dos serviços [com exceção de radioterapia] que estes sejam ofertados em condições igualitárias aos usuários do SUS".
O relatório da secretaria também aponta insuficiência de especialistas habilitados em algumas áreas, como cirurgia de cabeça e pescoço, e mastologista. O estado necessita ampliar em 37% o número de procedimentos cirúrgicos. "Houve um correção nos valores da tabela do SUS, o que deve atrair mais profissionais para o setor", afirma o superintendente.
Relatório aponta falhas no diagnóstico
O levantamento da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) aponta ainda falhas na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer no Paraná. Segundo o relatório, há dificuldade no fluxo de encaminhamento dos casos com suspeita e até detectados.
O superintendente de Gestão da Sesa, Paulo Almeida, revela que há uma preocupação com a chegada de pacientes em estágio avançado da doença. "Isso dificulta o tratamento e a cura do tumor." Segundo ele, há um programa dos governos federal e estadual que prevê cursos de capacitação dos profissionais de atenção básica no setor.