Quatro pessoas morreram por dia no trânsito no Paraná no primeiro semestre deste ano. É o que aponta o relatório da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária. O Paraná registrou um total de 769 neste mesmo período, 10% a menos que nos seis primeiros meses do ano passado. Apesar da queda estadual, aumentou em 12% o número de mortes no trânsito em Curitiba. Curitiba registrou 90 homicídios culposos de trânsito em 181 dias – média de um caso a cada dois dias. Quando o número envolve também homicídios dolosos (com intenção de matar) de trânsito, há uma queda de 21% no mesmo período.
Mesmo com o crescimento recente neste semestre, menos pessoas têm morrido na cidade desde quando a lei seca ficou mais rigorosa, no final de 2011. De lá para cá, a queda é a regra na maior parte do estado. Para o porta-voz do Batalhão de Polícia de Trânsito de Curitiba, tenente Ismael Veiga, a queda é mais relevante dado o aumento gradativo de 3% na frota anual.
Por isso, Veiga defende que, além da mudança da lei, as fiscalizações e campanhas de educação do Departamento de Trânsito, da própria PM e da prefeitura de Curitiba têm colaborado muito com efeito positivo. Uma novidade, na avaliação do policial, é que mais pessoas denunciam locais perigosos e veículos vistos em situação que pode colocar a vida das pessoas em risco, como em alta velocidade.
“Antes, as pessoas se lembravam do Batalhão de Trânsito só na hora do acidente, agora elas ligam no 190 e avisam antes”, disse. Mas, segundo o policial, é preciso reforçar cada vez mais blitzes e campanhas para manter o ritmo de queda, pois há ainda pontos negativos que mantêm um número alto de mortes. “Em alguns aspectos, os novos motoristas têm trazido uma cultura nova. Eles não ligam de usar capacete e cinto, por exemplo”, disse.
O que diz a Lei Seca
Desde dezembro de 2012, a multa para quem é flagrado dirigindo alcoolizado ou sob efeito de outra substância psicoativa passou de R$ 957 para R$ 1.915,40. A pena é a mesma para quem se recusa a fazer o teste do bafômetro. O veículo e a habilitação também são retidos. Pela lei, qualquer concentração de álcool no sangue ou ar alveolar já caracteriza uma infração. Casos de concentração igual ou superior a seis decigramas por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama por litro de ar alveolar estão sujeitos à detenção de seis meses a três anos, além de multa e suspensão ou proibição de condução.
Por outro lado, esses mesmos jovens, entre 18 e 30 anos de idade, estão presentes ao volante, conforme contou o policial, em mais da metade dos acidentes com mortes que envolvem álcool e alta velocidade. “As pessoas que estão morrendo também são jovens. Ano passado, em torno de 40% das vítimas de acidentes com motocicletas tinham esse perfil”, comentou Veiga.
Curitiba e mais seis cidades concentram 36% de todos os homicídios culposos de trânsito do estado. O que chama a atenção é que Maringá passou a figurar entre as cidades com mais mortes no trânsito. Em seis meses, foram 24 homicídios culposos nas ruas da cidade. Para o comandante do 4.º Batalhão da Polícia Militar em Maringá, tenente-coronel Antônio Roberto dos Anjos, a cidade tem uma peculiaridade. “É um dos mais elevados índices de carros por pessoa no estado. Aqui tem quase 400 mil habitantes e mais de 300 mil veículos e mais de 50% dos acidentes envolvem moto. Torna o trabalho mais difícil”, ressaltou. O comandante ressaltou, contudo, que tem aplicado o efetivo da polícia nas áreas de mais incidência de acidentes.
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