Um milhão de paranaenses não têm nenhum dente na boca. Quase 13% da população do estado, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada pelo IBGE, em convênio com o Ministério da Saúde, referente ao ano de 2013, é completamente banguela. É o maior índice entre os estados do Sul do país. A proporção de desdentados no Paraná também supera a média nacional, que é de 11% (veja infográfico). Em contrapartida, novos métodos adotados pelo sistema público de saúde tendem a reduzir esse índice para os próximos anos. Em Curitiba, por exemplo, consultas com agendamento antecipado facilitam o atendimento.
Segundo o coordenador de saúde bucal da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), Léo Kriger, as iniciativas que visavam apenas curar os pacientes foram, aos poucos, sendo substituídas por ações em caráter mais preventivo. A ordem é evitar os problemas dentários antes que surjam. “Isso também trouxe procedimentos menos invasivos, com intervenções mínimas”, afirma.
Ele conta que, a partir de 2014, esse modelo foi adotado em toda rede pública do Paraná. Recomendações de como proceder foram passadas aos profissionais da área. “Alguns anos atrás, por exemplo, ao realizar um procedimento se abria muito o dente. Hoje a meta é manter o maior número possível do dente”, exemplifica. Aproximadamente 70% das 2,5 mil unidades de saúde do estado, segundo Kriger, ofertam serviço odontológico.
Uma parcela da população, de acordo com o responsável em saúde bucal da secretaria de Saúde de Curitiba, Wellington Zaitter, ainda não vê necessidade de buscar o serviço odontológico. Essa afirmação confirma os dados revelados pela própria pesquisa: o Paraná também é o estado do Sul que tem o menor número de pessoas que procuram dentista – 49,7%.
Para reduzir esse índice, o serviço público aposta na chamada “busca ativa”, que tem como principal meta levar as pessoas para terem atendimento odontológico de forma contínua. A capital do estado já adota essa técnica com o intuito de aumentar o número de diagnósticos e tratamentos precoces. “Com a busca ativa, as equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) vão até aos domicílios das pessoas e podem trazer para a unidade de saúde aqueles que nunca fizeram atendimento odontológico ou estão há muito tempo sem procurar um dentista”, explica. Em Curitiba, são 170 equipes da ESF com atenção à saúde bucal. Ao todo, a cidade tem 350 dentistas atuando nas 109 unidades de saúde – apenas a Unidade de Saúde Mãe Curitibana não oferece atendimento odontológico.