Santo Antônio da Platina - O Ministério da Saúde confirmou ontem o primeiro caso de morte no Paraná causada pela gripe A(H1N1), conhecida como gripe suína. A informação foi repassada ontem pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que não divulgou a identidade da vítima, assim como a cidade onde a mulher vivia. No entanto, as datas da morte e da coleta de material para exames divulgados pela Sesa indicam que se trata da empresária Leonice Scarton, 43 anos, que morreu no dia 14, com vários sintomas da doença, em São José da Boa Vista, no Norte Pioneiro. O enterro aconteceu na quinta-feira, dia 16.
O caso só começou a ser investigado depois da comunicação do óbito. O corpo da vítima foi levado no mesmo dia para Curitiba, onde foi examinado. Amostras de sangue foram colhidas para confirmar a causa da morte. A mulher começou a passar mal ainda na semana passada, porém os sintomas se acentuaram no dia 13, dias depois de voltar de uma viagem à capital paulista. Mesmo assim, ela não procurou atendimento médico imediato. A vítima morreu quando viajava para fazer exames em Santo Antônio da Platina.
A família da empresária foi colocada em quarentena de seis dias. Os funcionários da empresa que a vítima dirigia também estão sendo monitorados. Uma fonte ligada à Secretaria Municipal de Saúde confirmou que um homem já teria apresentado vários sintomas da doença. Na cidade de pouco mais de 6 mil habitantes, o clima é de apreensão. A cidade conta apenas com um hospital e dois postos de saúde.
Suspeitas
Outras duas mulheres, de 26 e 45 anos, morreram nos últimos dois dias com sintomas da gripe A, no Norte Pioneiro. As vítimas viviam em Wenceslau Braz e Figueira e, de acordo com familiares, estavam sadias até que começaram a apresentar sintomas da doença.
De acordo com o secretário municipal de Saúde de Wenceslau Braz, Tárcio Rogério Dias de Oliveira, uma empresária solteira de 26 anos faleceu na segunda-feira, às 14 horas, no Hospital Santana Unimed, em Ponta Grossa. Há uma semana, ela foi internada e liberada, mas os sintomas se agravaram e a família resolveu levá-la a Ponta Grossa. No atestado de óbito da vítima consta morte por pneumonia aguda.
A segunda morte suspeita é de uma dona de casa de 45 anos que vivia com o marido e dois filhos em Figueira. Assim como a primeira vítima, a paciente estava sadia, mas no fim de semana começou a sentir os sintomas da doença. "No entanto, ela demorou a procurar auxílio médico e só o fez quando já estava muito debilitada", explica o chefe de gabinete da prefeitura de Figueira, Márcio Paulo de Lima.
São Paulo
O governo de São Paulo confirmou ontem seis novas mortes causadas pelo vírus da gripe suína. Quatro delas ocorreram na capital, uma em Indaiatuba (região de Campinas) e uma em Osasco (Grande São Paulo). Com isso, subiu para nove o número de mortes no estado, e para 22 o número no Brasil número dentro do esperado, dizem infectologistas. "Milhares de pessoas morrem todos os anos de gripes sazonais. Então não há muita novidade, afirmou Caio Rosenthal, infectologista do hospital Emilio Ribas. "Fico chateado por causa das mortes, mas o número de casos não é muito diferente do previsto, disse.
Das vítimas confirmadas em São Paulo, duas apresentavam fatores de risco: uma mulher de 68 anos hipertensa, com diabetes e asma brônquica; e uma gestante de 27 anos, que morreu cinco dias após o parto. O bebê passa bem. A vítima da região de Campinas morava em Indaiatuba e tinha 26 anos.
Novas medidas
O Paraná irá intensificar e ampliar a busca por prováveis pacientes com a nova gripe. Todos os pacientes que apresentarem sintomas serão avaliados, mesmo sem o vínculo com o exterior. Até então, o atendimento mais específico só era realizado em pacientes que viajaram ao exterior ou que tiveram contato com pessoas que foram a outros países. A mudança, anunciada pela Sesa, irá ocorrer porque o Brasil passou a registrar a transmissão sustentada da doença (quando o vírus circula livremente) ou seja, pacientes adquirem a nova gripe sem ter viajado ao exterior nem tido contato com alguém que foi para outro país. O Paraná, por enquanto, não registra a transmissão sustentada.
Muitos municípios do estado também terão de proporcionar um atendimento diferenciado aos casos da nova gripe. Será reorganizada a forma de receber os pacientes na unidade de saúde eles deverão ficar em uma unidade diferenciada de tratamento. A maneira como isso será feito ainda está sendo estudada. Em Osasco (SP), serão montadas barracas do Exército. No Rio de Janeiro, polos 24 horas de acolhimento para pessoas com gripe A serão instalados em hospitais municipais.