Um dia depois de o Paraná transferir 38 presos de uma facção criminosa para presídios federais, Londrina registrou mais um caso de incêndio a ônibus. Foi o terceiro ataque a coletivo registrado no estado em menos de uma semana: dois em Londrina e um em Arapongas. Uma série de eventos suspeitos, entre eles rebeliões, assassinatos de agentes penitenciários e incêndios, tem sido investigada por um grupo de trabalho formado por policiais estaduais e federais. Eles monitoram a ação de uma facção criminosa que atua dentro dos presídios do país. O governo, porém, nega que haja ligações entre os fatos.
O atentado em Londrina ocorreu na Rua Sidrak Silva Filho, no Jardim Santiago, na zona norte, por volta das 10h30. O bairro é o mesmo onde dois jovens morreram em confronto com a Polícia Militar (PM), na noite de quarta-feira.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, três rapazes, todos aparentando ter mais de 18 anos, abordaram o motorista e mandaram ele e os passageiros descerem do veículo. Depois, espalharam gasolina pelos bancos, atearam fogo e fugiram a pé. O motorista voltou para dentro do veículo e apagou o fogo com o extintor, impedindo que as chamas se alastrassem até a chegada dos bombeiros. Ninguém ficou ferido.
Estratégia
Para Eduardo Guerini, cientista político e professor no mestrado em Gestão de Políticas Públicas da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), os eventos ocorridos no Paraná são parecidos com os que ocorreram com os catarinenses e não serão resolvidos apenas com transferências de presos. "Na prática, em Santa Catarina isso não resolveu o problema. O sistema todo está em crise."
Na opinião de Guerini, as transferências acabam difundindo as ações, levando o problema para outros estados. "Eles [os detentos] acabam se rearticulando e montando uma facção em cada complexo prisional. O estado precisa recuperar sua capacidade de gestão a médio e longo prazo na área prisional."
O coordenador do curso de pós-graduação em Segurança Pública da Universidade Tuiuti do Paraná, o delegado federal Algacir Mikaloviski, acredita que, por enquanto, a estratégia adotada pelo Paraná tem sido a mais apropriada.
"Os criminoso estão sendo desmobilizados nos eventuais focos do problema", afirma. Mikaloviski lembra ainda que, nos presídios federais, os presos ficam isolados e a comunicação é muito restrita.