Apesar dos últimos reajustes, tirar carteira de motorista no Paraná ainda é mais acessível do que em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Segundo levantamento em centros de formação de condutores (CFCs) também conhecidos como auto-escolas nos três estados do Sul, o Paraná tem a menor média. Mesmo com os últimos aumentos, de 10% a 15% em agosto, os candidatos à primeira habilitação podem encontrar preços que variam de R$ 590 a R$ 700, para carro, e R$ 400 a R$ 600 para moto. Em compensação, os gaúchos precisam desembolsar mais de R$ 1,2 mil para dirigir automóvel. Os catarinenses pagam de R$ 700 a R$ 750 para obter habilitação para carro e de R$ 600 a R$ 690 para moto.
Para Fátima Soares, de 22 anos, aluna de um CFC da capital paranaense, os custos estão muito altos e não correspondem às expectativas. "Não recebemos aumentos salariais mensais", argumenta. A proprietária do CFC Ella, na área central de Curitiba, Carla Coelho Martins, alega que os pequenos aumentos aplicados nos últimos cinco anos não possibilitaram a equiparação com os preços cobrados em outros estados. "Nesse período, muitas auto-escolas fecharam por não ter fôlego", afirma. Não está previsto novo aumento até dezembro.
Vilões
Para Augusto Lipinski, responsável pelo CFC Preferencial, no Boqueirão, os alunos desconhecem a questão operacional, por isso reclamam de valores altos. "É gasolina, é profissional credenciado pelo Detran com piso e carga horária regulamentada , é alimentação, manutenção e compra de novos veículos", desabafa. Para ele, a defasagem está acumulada há muito tempo.
Lipinski admite que o sistema de biometria implantado pelo Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) tenha influenciado os aumentos, mas nega que a mudança seja a única responsável. O investimento vai ser alto (um equipamento para captação de impressões digitais pode chegar a R$ 1,9 mil), porém ele deverá se pagar no decorrer do período. "Com a biometria teremos uma fiscalização exigida por parte do Detran há muito tempo e necessária para a formação do condutor", diz.
A opinião é compartilhada pelo presidente do Sindicato das Auto-Escolas do Paraná, Justino da Fonseca, que lembra que o sistema está sendo esperado há seis anos. "Com certeza, ele vai garantir a lisura do processo de habilitação", comenta.
A procura pelos serviços do Detran-PR já se fez sentir nas últimas semanas. Em agosto, foram 4.828 processos, enquanto que só na primeira quinzena de setembro, o departamento já tinha recebido o pedido de habilitação de 4.165 pessoas. Até o fim do ano, todos os 765 CFCs e as 100 circunscrições regionais de Trânsito (Ciretrans) deverão estar trabalhando dentro do novo sistema de captura e verificação do candidato.