O Paraná tem apenas duas barragens de contenção de rejeitos de mineração em funcionamento, ambas de baixo risco, de acordo com os registros do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Também há uma lagoa de contenção, de baixa capacidade e com pouco potencial de dano. A única estrutura de médio risco cadastrada pelo DNPM no estado foi desativada em 2014. As duas barragens que causaram o desastre ambiental em Minas Gerais eram de alto risco.
Mesmo assim, as autoridades do Paraná querem aprimorar a fiscalização das barragens, segundo o tenente Marcos Vidal da Silva Junior, da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil. Em reunião realizada na semana passada, representantes da Defesa Civil, Mineropar, Instituto das Águas do Paraná, Copel, Sanepar e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) conversaram sobre os procedimentos de segurança existentes.
Segundo o diretor técnico da Mineropar, Marcos Vitor Fabro Dias, a indústria mineral do estado é caracterizada pela produção de insumos para a construção civil: a extração de areia, brita, argamassa, argila, calcário e corretivo agrícola correspondem a quase 80% da produção mineral do Paraná. “Não temos atividade mineral que faça flotação como em Minas Gerais. A produção de fluorita, no Vale do Ribeira, é uma exceção, mas a escala de produção é muito pequena”.
Ferro
O desastre de Minas Gerais aconteceu com barragens de rejeitos de minério de ferro, que exige um processo de flotação para concentração.
“Por ser commodity, precisa de concentração de 65%, mas na natureza tem apenas 35%. A flotação serve para a concentração, e ficam os rejeitos finos. No caso do ferro são muitos rejeitos”, acrescenta. A barragem de risco médio que existia no Paraná era da carbonífera Cambuí, em Figueira, Norte Pioneiro, que faz extração de carvão vegetal. O diretor regional da empresa, Nilo Schneider, diz que desde o ano passado está sendo usado um espessador de lamelas, equipamento que faz a decantação, da forma como era feita na barragem.
“É um equipamento que também pode ser usado no tratamento da água, para fazer uma primeira limpeza. A Sanepar usa, mas do tipo radial”, explica. A água residual é tratada e reutilizada. O dejeito é encaminhado para o subsolo, em mina já desativada. “É uma vantagem ao meio ambiente, com o rejeito colocado de volta para dentro da mina, de onde saiu”, afirma Schneider.
Segundo ele, mesmo com todos os cuidados adotados, não há segurança total de que ela não afete lençol freático. “Não há como saber se está totalmente hermética no fundo. Além disso, com chuvas intensas, não adianta controlar a entrada de água na barragem”, comenta.
Mineradoras fazem controle da qualidade da água
As mineradoras com barragem de rejeitos em funcionamento no Paraná dizem que fazem relatórios periódicos para o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para comprovar a qualidade da água após o uso e tratamento em suas operações.
A maior barragem no Paraná é a da Mineração Nossa Senhora do Carmo, em Cerro Azul, no Vale do Ribeira. Segundo o diretor Carlos Sartor, a barragem é classificada como pequena, com capacidade de 1,7 milhão de metros cúbicos, mas que opera com volume de 600 mil metros cúbicos atualmente. Em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, a empresa Michelangelo faz extração de mármore. Segundo Carlos Brunin, gerente do local, trata-se de uma lagoa de decantação. “Fazemos relatórios, encaminhamos ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP) a respeito da qualidade da água”.
Há ainda a barragem da Mineradora Tabiporã, de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, que faz extração de ouro. Segundo um funcionário do local, a estrutura é pequena e isso facilita o monitoramento e controle. (RF)
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