Greves simultâneas em dois órgãos públicos estaduais restringiram ontem serviços em várias cidades do Paraná, e uma terceira possível paralisação será decidida hoje em Curitiba. Enquanto parte dos servidores do Detran e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) cruzam os braços, motoristas e cobradores de ônibus da capital aguardam para hoje a confirmação do pagamento do vale-alimentação para descartar a greve que tinha início previsto para ontem. É o último entrave após o aumento salarial negociado mês passado.
Até ontem os trabalhadores ainda não contavam com um levantamento de quantas empresas já tinham feito os depósitos nas contas dos funcionários. De acordo com o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores (Sindimoc), Anderson Teixeira, apenas duas empresas não tinham efetuado o pagamento, mas regularizaram ainda ontem a situação. O dinheiro deve cair hoje na conta.
"A princípio está descartada a possibilidade de greve, mas vamos aguardar. A informação é que sai amanhã [hoje] o crédito no cartão de alimentação", disse Teixeira. O acordo entre o Sindimoc e o sindicato das empresas (Setransp) sobre o reajuste foi fechado em 12 de março, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). De acordo com o Sindimoc, naquela data ficou acordado que no quinto dia útil de abril seria pago o salário de março (com o reajuste) e o retroativo de fevereiro. A data-base da categoria é 1.º de fevereiro.
Compensação
De acordo com a assessoria de imprensa do Setransp, todas as empresas de ônibus fizeram o pagamento ainda na sexta-feira. Alguns trabalhadores não teriam recebido por causa do prazo para a compensação bancária. Para o sindicato patronal, não existe motivo para a greve.
A Urbanização de Curitiba S.A. (Urbs), responsável pelo gerenciamento do transporte coletivo da capital, afirmou que liberou para as empresas de ônibus R$ 3,1 milhões na sexta-feira. O valor é referente ao retroativo da tarifa técnica, do período entre 1.º e 25 de fevereiro, reajustada em 26 de fevereiro. A tarifa técnica é o custo real do transporte pago às empresas e que inclui os custos dos salários de motoristas e cobradores.
Detran parado em Maringá e Londrina
A greve no Detran não afeta os serviços em Curitiba, mas impôs restrições a usuários de Londrina e Maringá. Os exames práticos foram realizados normalmente ontem, segundo a assessoria de imprensa do órgão. Os demais serviços também foram ofertados regularmente na capital até às 14 horas, quando termina o atendimento ao público. Trabalhadores faziam manifestações em frente à sede do órgão, no bairro Tarumã, mas não impediam a entrada da população.
A paralisação começou sexta-feira e foi considerada ilegal pelo Tribunal de Justiça do Paraná no mesmo dia. A ação determinou o fim imediato da manifestação. A multa diária é de R$ 10 mil em caso de descumprimento pelos grevistas. O Sindicato dos Servidores do Detran do Paraná (Sisdep) informou por meio de seu site que a greve segue em todo o estado.
Em Londrina e Maringá a greve também foi mantida. Apenas serviços considerados essenciais foram mantidos. A categoria reivindica o pagamento dos encargos especiais, novo concurso público, melhorias do espaço físico, reajuste nos salários e criação de um quadro próprio.