Corporativismo
Crítica ao Mais Médicos expõe "ótica egocêntrica" da classe, afirma AGU
Folhapress
Em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Advocacia-Geral da União (AGU) critica o comportamento de entidades médicas, que têm se manifestado contra o Mais Médicos. Elaborado por advogados do órgão, o texto afirma que o programa tem o objetivo de "abrir o diálogo entre as diversas comunidades médicas [nacionais e internacionais], sem o viés autoritário de uma classe hermética, fechada, que busca, à custa de toda uma população, impor sua verdade, sua ótica egocêntrica".
O posicionamento do governo foi pedido pela corte diante de mandado de segurança apresentado pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) para a suspensão do Mais Médicos. O congressista argumentou que não foi correta a forma com que o governo tratou o assunto.
Conselho
O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto dÁvila, disse que os médicos brasileiros "tentaram" ir para cidades do interior, por meio do Mais Médicos, mas foram direcionados a regiões metropolitanas ou capitais. Segundo o balanço do Ministério da Saúde, 51,8% dos 938 médicos confirmados no programa serão destinados a estes locais. Segundo o CFM, relatos recebidos pela entidade indicam que "apesar de mostrarem disposição para trabalhar em cidades do interior, consideradas de difícil acesso, os profissionais não tiveram suas inscrições homologadas para essas cidades".
O Paraná vai receber apenas 3,8% dos médicos que solicitou na primeira etapa do programa Mais Médicos do governo federal índice inferior à média nacional, de acordo com o balanço final divulgado ontem pelo Ministério da Saúde. Encerrada a fase destinada a profissionais com registro no país, 37 assinaram termo de compromisso para trabalhar em 14 municípios paranaenses. O estado havia apresentado uma demanda de 969 médicos para 286 cidades que aderiram à iniciativa. Ou seja, só 4,9% dos municípios serão atendidos nesse primeiro momento.
INFOGRÁFICO: Veja o perfil dos profissionais e para onde eles irão na primeira etapa do Mais Médicos
Em todo o Brasil, 938 médicos preencheram a oferta de 15.460 vagas (o que equivale a 6%) e 404 dos 3.511 municípios inscritos vão receber profissionais (11,4%). Apesar de 14.522 vagas permanecerem abertas, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, comemorou o resultado. Os profissionais começam a trabalhar em setembro.
"Esses mil médicos que se apresentarão em 15 dias vão atender 4 milhões de brasileiros que hoje não têm atendimento público", disse. Parte do restante das vagas solicitadas poderá ser preenchida com as inscrições de brasileiros graduados no exterior e, depois, por profissionais estrangeiros. "Está evidente: só trazendo mais médicos, vamos ocupar as vagas que sobraram."
Suspeita de boicote
Os 938 médicos que já confirmaram a participação representam 5,6% dos 16.530 profissionais com registro no Brasil que se inscreveram inicialmente no programa. O ministério detectou 6.311 inscrições com o campo do número de registro nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) deixados em branco e mais 171 com preenchimento incorreto (o espaço foi ocupado apenas com o algarismo zero e a letra "x"). A alta incidência de "erros" levou à suspeita de fraude.
"É fraude, boicote ou incapacidade de preencher uma ficha, hipótese que não podemos cogitar", disse o prefeito de Porto Alegre e presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), José Fortunati (PDT). Ele, o governador do Acre, Tião Viana (PT), e outros representantes de entidades municipalistas participaram da divulgação ao lado de Padilha. Todos se revezaram em críticas a movimentos classistas de médicos que têm se posicionado contra o programa.
As escolhas feitas pelos profissionais que se inscreveram para trabalhar no Paraná se concentraram em 11 das 35 cidades do estado consideradas prioritárias por apresentar situação de maior vulnerabilidade social. Apenas Araucária, Cambé e Maringá não têm essa classificação. Curitiba foi a cidade de maior preferência (oito médicos), seguida por Londrina (seis).
Por região, o Nordeste foi contemplado com o maior número de médicos (372), que se direcionarão para 203 cidades e um distrito sanitário indígena.
Brasileiros têm até amanhã para completar ficha
Médicos com registro profissional do Brasil que chegaram a selecionar os municípios que desejavam trabalhar, mas que não homologaram a participação no programa terão uma nova chance para formalizar a adesão até amanhã. Em todo o Brasil, 815 pessoas estão nesta situação e, no Paraná, 54. Dentro desse grupo, os interessados em firmar o termo de compromisso vão precisar indicar novamente as seis opções de cidades em que desejam trabalhar.
A nova lista de vagas preenchidas será publicada no sábado. Todas as opções remanescentes serão oferecidas, em primeiro lugar, a brasileiros graduados no exterior e, por último, para estrangeiros. De acordo com o Ministério da Saúde, 1.920 profissionais com registro profissional de 61 países se inscreveram.
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