Reação
CFM acusa governo de dificultar inscrição de brasileiros
O Conselho Federal de Medicina (CFM) acusa o Ministério da Saúde de deliberadamente dificultar a inscrição de profissionais brasileiros no programa Mais Médicos. O órgão decidiu pedir a intervenção do Ministério Público e uma investigação da Polícia Federal, além de requerer a reabertura das inscrições aos brasileiros.
Roberto dÁvila, presidente do órgão, afirma que os problemas encontrados por médicos que tentavam fazer a inscrição no Brasil não aconteciam quando o acesso era feito com um IP (registro do computador) do exterior. "Faz desconfiar de uma ação proposital para não inscrever médicos brasileiros", disse. "É uma crítica absolutamente inconsistente e vazia. Noventa por cento dos CRMs inválidos não eram uma confusão de números, eram zero, zero, zero ou traço, traço, traço", rebateu o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
DÁvila disse que o ministério usou um programa que não aceitava acentos ou outros sinais gráficos e por isso dizia que o CRM era inválido. Além disso, usou um banco de dados desatualizado para conferir os CRMs. Em nota, o ministério disse que a visualização da página do programa era mais rápida no Brasil que no exterior e que o sistema reconhecia sinais gráficos e letras maiúsculas e minúsculas.
O Paraná receberá inicialmente apenas 9% do total de médicos que solicitou ao governo federal pelo programa Mais Médicos, que tem o objetivo de ampliar o número de profissionais a serviço do Sistema Único de Saúde (SUS). Lista divulgada ontem pelo Ministério da Saúde mostra que, nesta primeira etapa do programa, 27 municípios paranaenses serão contemplados com a contratação de 91 profissionais ao todo, 286 prefeituras do estado se cadastraram, solicitando 969 vagas.
INFOGRÁFICO: Mais médicos prevê a contratação de 1.753 profissionais na primeira etapa
O ministério informou que fará novas seleções até que toda a demanda dos estados seja atendida. No país, a primeira chamada deve preencher somente 11% da expectativa dos municípios, já que 1.753 médicos que apontaram o local onde querem trabalhar serão chamados, enquanto a demanda sugerida foi de 15,4 mil profissionais.
A próxima chamada de médicos e municípios começa dia 15 de agosto. O médico que concluiu o cadastro, mas não informou em que município quer atuar, poderá indicar as opções a partir dessa data. Já os 1.753 profissionais selecionados nessa primeira etapa têm até amanhã à tarde para homologar a participação no programa e assinar um termo de compromisso como nem todos foram direcionados para sua primeira cidade de escolha, pode haver desistências ou remanejamentos. A lista final será publicada na segunda-feira.
Segundo o Ministério da Saúde, das 1.753 vagas preenchidas, 51% estão em municípios de maior vulnerabilidade social do interior e 49% nas periferias de capitais e regiões metropolitanas. No Paraná, Curitiba deve receber o maior número no estado: 21 médicos (veja infográfico). Outras 13 cidades serão contempladas com a vinda de um médico.
Os profissionais que participarem do programa atuarão por três anos na rede de atenção básica à saúde e receberão uma bolsa-formação, paga pelo governo federal, de R$ 10 mil por mês. Além disso, os participantes terão uma ajuda de custo para instalação na cidade onde irão trabalhar. Ao aderir ao programa, os municípios ficam responsáveis pela moradia e alimentação desses médicos.
Estrangeiros
Outros 1.920 médicos com diploma estrangeiro que se inscreveram têm até a próxima quinta-feira para completar o cadastro. Segundo o Ministério da Saúde, a prioridade nas próximas contratações continuará sendo dos médicos brasileiros e as vagas não preenchidas serão ocupadas pelos estrangeiros.
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