A maringaense Laise Marmentini, 22 anos, foi deportada da China após ficar presa durante 11 dias em Pequim. Formada em Secretariado Executivo Trilíngue pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), ela viajou ao país asiático em julho para fazer um intercâmbio de seis meses.
A jovem foi detida porque o visto cedido pela empresa responsável pelo programa de estágio, a Aiesec, que conta com 77 unidades em todo o mundo, não servia para que ela trabalhasse ou estagiasse no país. Laise conta que desde que chegou a Pequim passou a dar aulas de inglês em uma escola designada pela própria rede de estágio. Da mesma forma, a casa onde ele se hospedou, também foi arranjada pela Aiesec. "Fui para lá com tudo certo. Me certifiquei que estava tudo legal, mas infelizmente não estava."
No meio de agosto, conta ela, uma equipe da emigração esteve na escola e a informou de que o local não tinha permissão para contratar estrangeiros, tampouco o visto dela era apropriado para o serviço. Como medida, uma multa foi aplicada e quitada pela direção da unidade de ensino.
Apreensiva, a intercambista entrou em contato com a Aiesec, que, segundo ela, garantiu que já estava tudo resolvido e que ela podia permanecer com o programa de estágio
Em 4 de setembro, a imigração voltou ao local e imediatamente deteve a jovem. O motivo da prisão só foi revelado a ela seis dias depois por representantes da Embaixada do Brasil na China. Segundo a emigração chinesa, Laise estava exercendo trabalho ilegal, e mesmo sendo notificada, continuou trabalhando.
"Foi horrível. Fiquei em uma cela com outras 13 mulheres. Os guardas não falavam inglês e eu não entendia chinês. Não podia imaginar o que havia feito de errado, justamente por ter feito contato com a Aiesec e eles terem me tranquilizado na primeira vez",
Durante os dias que permaneceu na cela, ao lado de acusadas de sequestro, porte de arma e roubo, ela diz ter contado com a ajuda de uma filipina que entendia um pouco de inglês. "Ela me alertava sobre o que eu podia ou não fazer. Chorar era uma das coisas que não podia, pois corria o risco de ser jogada na solitária. Mas não tinha jeito, o desespero era tanto que eu só chorava, mesmo que baixinho."
No 10° dia, um policial pediu para que ela assinasse uma papelada. Questionado sobre o motivo, ele disse que era o termo de soltura conseguido pela Embaixada. "Nessa hora eu finalmente consegui sentir esperanças. Ele me alertou que eu não podia voltar à China em cinco anos, mas que minha ficha não ficaria suja, digamos assim.
Da prisão Laise seguiu direto para o aeroporto e segundo ela, não recebeu nenhum contato da Aiesec. "Isso feriu bastante. Quando eu os procurei para o intercâmbio, me garantiram que eu teria total apoio para qualquer problema, mas viraram as costas e me deixaram sozinha", desabafa a jovem. Ela diz que desde que retornou ao Brasil tem tido acompanhamento psicológico e afirma que pretende processar a empresa de intercâmbio
Outro lado
A reportagem tentou contato com a Aiesec, mas ninguém atendeu aos telefonemas. Em nota oficial encaminhada à imprensa, a organização lamenta o ocorrido e justifica que a estudante viajou "seguindo os padrões de documentação de estágios estabelecidos pela legislação chinesa", mas que "houve uma conclusão equivocada por parte das autoridades, pois associaram a bolsa auxílio como salário", além disso, ainda conforme a nota, houve mudança recente na legislação de trabalho e estágio no país asiático, o que pegou a própria empresa desprevenida. Por fim, a unidade diz que interrompeu momentaneamente qualquer tipo de atividade com a Aiesec na China.
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