A guerra civil no leste da Ucrânia entre rebeldes separatistas que lutam para ver seus territórios anexados à Rússia, como aconteceu no ano passado com a Criméia, parece estar longe do fim. O conflito que já deixou ao menos sete mil mortos em 16 meses despertou o interesse em um paranaense de 21 anos que se integrou ao exército separatista da República de Donetsk, considerado pelo governo ucraniano um grupo terrorista.
Luiz Davi da Silva ficou três meses lutando com os militantes separatistas e retornou recentemente para Cascavel,no Oeste paranaense, onde mora com a família. Segundo ele, o retorno foi para resolver algumas questões familiares, mas ele pretende, em breve, se reintegrar à Milícia Popular Donbass.
Brasileiro quer largar tudo para ir lutar pela Ucrânia
Neoli Gonçalves da Silva é um dos brasileiros que pediu oficialmente ao corpo diplomático da Ucrânia para se juntar às Forças Armadas de lá e lutar contra separatistas.
Passagem militar
O rapaz, que desde criança é apaixonado pelo militarismo, teve uma breve passagem pelo Exército Brasileiro. No Paraná, ele trabalha com armas de airsoft, equipamentos militares e treinamentos especiais. A experiência adquirida nas Forças Armadas foi importante na hora de ser recrutado como voluntário para integrar as forças separatistas. Antes de deixar o Brasil ele ouviu do pai a frase que não esqueceu e que marcou sua vida na Ucrânia. “Não morra e não seja capturado pelos inimigos”, foi o pedido do pai que apoiou a decisão do filho.
Desde o início dos conflitos, Luiz Davi, que apesar de não ter qualquer ligação com a Rússia é um entusiasta do país, acompanhava com atenção o desenrolar da revolta que ficou conhecida como “Maidan”, numa referência à principal praça de Kiev, onde começaram os protestos que resultou na queda do presidente pró-russo Viktor Yanaukovytch. O novo presidente Petro Poroshenko decidiu lutar pela manutenção dos territórios e os insurgentes intensificaram os conflitos.
O cascavelense manteve contato com o paulista Lusvarghi, um ex-policial militar de São Paulo e que está em Donbass onde lidera um grupo só de estrangeiros que lutam com os separatistas e decidiu unir-se à milícia. Como fala russo, inglês e espanhol, além de ter experiência com militarismo e conhecer o alfabeto cirílico, o cascavelense foi aceito e passou a integrar Team Vikernes, o grupo de estrangeiros pró-russos.
O paranaense se envolveu em inúmeros combates na Ucrânia e diz que muitas vezes correu risco de morte. “Toda a noite eles bombardeavam nossa base ou nas proximidades da base”, relembra. Ele conta que viu muitos colegas russos morrerem durante os conflitos.
Luiz Davi é o único paranaense a lutar entre os rebeldes ucranianos, mas no momento há outros cinco brasileiros por lá.
O governo da Ucrânia considera os separatistas como terroristas e tenta contê-los, mas o cascavelense rebate com veemência as acusações de terrorismo. Ele diz que a Ucrânia está bombardeando os próprios cidadãos já que o Leste Europeu continua sendo território ucraniano, mas lembra que o governo de Kiev cortou o fornecimento de alimentos, remédios, luz combustível e até aposentadoria dos idosos que moram na região leste. “Quem é o terrorista, somos nós ou eles?” indaga.
Luiz Davi pretende retornar aos combates, reencontrar os companheiros de luta armada e posteriormente voltar a Cascavel. Ele pretende prestar concurso para a Polícia Militar do Paraná, mas somente após o fim da missão. “Desde pequeno sempre gostei do militarismo, sempre pensei em ser policial militar, é o que eu tenho como vocação. Se não der certo fico por lá para fazer vida na Rússia”, diz.
Experiência foi gratificante, diz jovem
Luiz Davi da Silva diz que os momentos mais difíceis para ele na Ucrânia não eram os combates, mas ver que as forças do exército ucraniano em seus bombardeios deixavam muitas crianças mortas nas vilas.
Classifico como uma experiência única. Voltei mais forte mentalmente, muito mais inteligente.
Luiz Davi da Silva, militar.
“Na hora eu ficava neutro para não causar pânico e nenhuma reação com os companheiros de guerra, mas depois você começa a pensar que poderia ser alguém da família”, relata.
Essa sensação era aliviada quando o grupo chegava às vilas e era recebido com carinho pela população que ofertava comida água e até dinheiro. “Claro que a gente não pegava o dinheiro”, lembra. Muitos entregavam imagens religiosas como agradecimento.
Nos poucos momentos de lazer, o cascavelense fazia questão de estar perto de Black, um cão que se tornou o grande companheiro. “Onde eu estava patrulhando na cidade ele estava junto. Se eu ia para a trincheira ele corria atrás do caminhão”, recorda.
Na memória
O paranaense diz que a experiência foi gratificante. “Classifico como uma experiência única. Voltei mais forte mentalmente, muito mais inteligente, seja na questão humanitária e também na questão intelectual porque fui lá ajudei muitas pessoas, ajudei a fazer parte da história. Eu sou parte da história do leste da Ucrânia. Cada tiro dado lá é uma mudança na história. O que eu fiz lá os meus filhos vão estudar futuramente”, observa.
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