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Controle Natural de Vetores aparece como mais um aliado no controle da dengue | LUIS ROBAYO/AFP
Controle Natural de Vetores aparece como mais um aliado no controle da dengue| Foto: LUIS ROBAYO/AFP

Com o objetivo de reduzir em 90% a existência do Aedes aegypti – mosquito vetor da zika, dengue, febre amarela e chikungunya – a empresa Forrest Innovations, em parceria com o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), trabalha em um projeto-piloto para controle do mosquito em Maringá, no Noroeste do Paraná, e em Paranaguá, no Litoral do estado. O Controle Natural de Vetores (CNV) é baseado na criação de machos estéreis, que serão soltos na natureza. Paranaguá será a primeira cidade a receber o projeto, que deve chegar por lá na terceira semana de outubro.

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Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde, o Paraná teve 56.411 casos de dengue confirmados desde agosto do ano passado. Só em Paranaguá foram 16.391. Maringá registrou 7.522. Os dois municípios representam ⅓ da incidência em todo o estado. Recentemente, concluída a campanha de vacinação da dengue, apenas 32% do público-alvo foi alcançado um dia antes do seu fim.

No Brasil existem outros dois tipos de tecnologia para deixar os insetos estéreis: a manipulação genética e radiação. Segundo o coordenador do projeto da Forrest Innovations no Brasil, Joel Kriger, neste caso o mosquito se tornará estéril por meio da alimentação, processo chamado de biológico. “Nas fases de larva e pupa, a espécie é alimentada de modo que, ao atingir o estágio de mosquito, os machos não consigam se reproduzir”, explica.

Cuidados

São as fêmeas que transmitem as doenças ao buscar sangue humano para se alimentar e colocar ovos. Apesar de elas não ficarem improdutivas nesse processo, existe uma seleção para garantir que não serão enviadas ao meio ambiente por engano. “A pupa dos machos é menor que a das fêmeas, por isso, quando colocadas na água, elas ficam mais próximas da superfície. Assim eles são selecionados.”, afirma o coordenador.

Os pesquisadores ainda verificam se, entre os mosquitos desenvolvidos, não existe nenhuma fêmea, ao expor a criação ao sangue. “Se algum for se alimentar, sabemos que existem fêmeas no lote. Portanto, ele será excluído. Queremos que os mosquitos que saiam do laboratório sejam 100% machos estéreis”, explica Kriger. O laboratório, constituído por contêineres, terá apenas uma entrada e uma saída, impossibilitando que insetos “escapem” de lá por descuido.

Os mosquitos estéreis serão desenvolvidos em laboratórios móveis usando os insetos nativos de cada cidade. “Apesar de existir uma pequena possibilidade de os mosquitos de outras regiões serem incompatíveis com o lugar, utilizamos os nativos, pois apresentam pequenas adaptações ao meio ambiente”, diz o coordenador. Ele explica ainda que a ambientação faz com que os mosquitos tenham o mesmo ciclo de vida. A reprodução do Aedes aegypti será controlada por meio de armadilhas de oviposição, de onde é possível fazer a contagem dos ovos.

Serão liberados dez milhões de insetos – cuja expectativa de vida é de 40 dias – por semana, durante quatro meses. De acordo com Kriger, depois desse período os pesquisadores ainda acompanharão as duas regiões por mais oito meses. “Todas as armadilhas, levantamento de dados e produção dos mosquitos continuam durante estes meses. Caso seja detectada uma população alta em algum local, mais insetos estéreis serão liberados por lá”, salienta Kriger.

O coordenador afirma que é preciso aliar a novidade com a cooperação e conscientização da população. “A partir do dia 16 de outubro começamos com o trabalho de orientação das escolas públicas de Paranaguá. Além de brincadeiras com o tema, os professores serão treinados para solucionarem dúvidas dos alunos e dos pais”, afirma o responsável pelo projeto.

Licenças

Projeto do laboratório Arquivo Forrest Innovations

Como serão produzidos seres vivos, os laboratórios irão precisar de licenças concedidas pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Após as concessões, o público poderá visitá-los. Até agora a última só aprovou o projeto-piloto, de pesquisa e desenvolvimento. Os resultados deste primeiro projeto serão analisados e daí será autorizada a produção comercial destes insetos. Estudos sobre o tema ainda não foram publicados.

Segundo Kriger, o investimento do desenvolvimento do projeto foi feito pela empresa. A realização nas duas cidades está por conta do estado e da União, de acordo com a assessoria de comunicação da prefeitura de Paranaguá. O laboratório no Litoral do estado já está em fase de conclusão em terreno concedido pela Prefeitura da cidade.

Voando baixo

Os mosquitos serão soltos na natureza com o uso de aviões. Os laboratórios estarão localizados próximos aos aeroportos para facilitar o transporte. “Os insetos são levados em caixas, chamadas de cassetes, a uma baixa temperatura. Isso possibilita que fiquem imóveis, mas por pouco tempo”, explica Kriger.

“A partir de novembro vamos começar a liberar os mosquitos para que, na alta temporada (janeiro e fevereiro), a população de insetos esteja reduzida”, afirma Kriger. Depois do fim de um ano de intervenção, os pesquisadores esperam que o controle dos mosquitos seja feito pelos predadores naturais, como as libélulas.

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