Durante o velório de Zilda Arns, há nove dias, a representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância Unicef)) no Brasil, Marie-Pierre Poirier, disse que as duas instituições sempre foram parceiras e que a história dos dois órgãos se confunde. A ideia de criação da própria pastoral surgiu após uma conversa entre o então diretor-executivo do Unicef, James Grant, e o irmão de Zilda, dom Paulo Evaristo Arns.
Para o coodenador do Unicef em Manaus, Halim Girad, um dos maiores benefícios deixados por Zilda foi o estímulo ao uso do soro caseiro, prevenindo a diarreia. Ele explica que, até a criação da pastoral, havia muita resistência da comunidade médica em utilizar a solução. O resultado é que as crianças ficavam desidratadas porque não encontravam amparo nos hospitais. "Levando a reidratação oral para dentro das casas, houve um desafogamento do sistema público de saúde. Zilda simplificou o processo. O que podia ser tratado em casa as mães aprendiam. E o que precisa de cuidados médicos os voluntários da pastoral cobravam do poder público."
Outro ponto destacado por Girad é que a pastoral passou a trabalhar o desenvolvimento da criança por meio da família. A informação é passada desde antes de o bebê nascer. As líderes transmitem a importância do afeto, da presença do pai, do estímulo. Hoje, políticas que incentivam essas ações tiveram a influência de Zilda Arns. "As questões da valorização das comunidades locais, do incentivo ao aleitamento materno e do combate à desnutrição foram levantadas por ela. Zilda se juntou a diversos atores para trabalhar com a prevenção. Mostrou que políticas de saúde são feitas em casa."
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