Brasília Dez famílias de vítimas do acidente do vôo 1907 da Gol protocolaram uma ação de indenização em Nova Iorque contra a ExcelAire, dona do Legacy da Embraer, e a Honeywell, fabricante dos equipamentos de localização e anti-colisão do jatinho. A ExcelAire reagiu e, em nota, disse que o processo é "prematuro" e responsabilizou os controladores de vôo pelo acidente, que provocou a morte de 154 pessoas.
"Face às novas confirmações de que a torre de controle autorizou o jato-executivo da ExcelAire a voar até Manaus a 37.000 pés, as acusações de que os pilotos voavam na altitude errada não procedem", diz a nota. Gravação que está no Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) mostra que o controlador de vôo de São José dos Campos autorizou o Legacy a voar até Manaus a 37.000 pés na contramão e altitude na qual se chocou com o Boeing da Gol.
A firma americana Lieff, Cabraser, Heimann & Bernstein, que defende as famílias, não determinou os valores das indenizações, mas estima negociar acordos em menos de dois anos e obter, em média, cerca de US$ 1 milhão para cada família.
Segundo os advogados, é muito raro que casos de acidentes aéreos cheguem a julgamento por júri nos Estados Unidos. A ação não busca culpas determinantes do acidente e sim demonstrar negligência, omissão ou falhas de responsabilidade dessas duas empresas.
O primeiro processo indenizatório sobre a queda do Boeing da Gol, apresentado à Justiça dos Estados Unidos na segunda-feira, acusa a ExcelAire, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, respectivamente proprietária, piloto e co-piloto do jato Legacy envolvido no acidente de "negligência".
O documento ao qual a reportagem teve acesso deu início ao pedido de indenização, no exterior, feito por Suellen Lleras, mulher do publicitário Mário Lleras e mãe de Daniel Lleras, ambos mortos no acidente. Ele é assinado pelo advogado Manuel von Ribbeck, o primeiro a ser contratado por familiares dos mortos para representá-los nos EUA. Na peça, o advogado afirma que os tripulantes do avião da ExcelAire "transgrediram seu dever de adotar as devidas precauções e agiram de forma descuidada e negligente" na ocasião em que o acidente ocorreu.