Quatro parentes da menina de 11 anos que morreu vítima da nova gripe em Osasco, na Grande São Paulo, apresentaram sintomas da doença. De acordo com a coordenadora da Vigilância Epidemiológica da cidade, Carmecy Lopes de Almeida, a avó da menina e três primos dela estão sendo monitorados. Todos passam bem.
Secreções dessas quatro pessoas foram coletadas e encaminhadas para análise. Os exames, porém, ainda não têm data definida para ficar prontos. "Ainda não temos ideia, pois eles serão primeiro passados para a Secretaria da Saúde e, depois, repassados para nós [da Vigilância Epidemiológica de Osasco]", disse Carmecy.
Além dos parentes com sintomas do vírus, equipes da Vigilância Epidemiológica estão de plantão neste fim de semana fazendo um trabalho de monitoramento com pessoas que tiveram contato mais próximo com a menina.
Funcionários do órgão conversam, diariamente, com colegas de sala de aula da menina e de seu irmão e também com as pessoas que pegaram o mesmo transporte escolar que eles.
De acordo com Carmecy, é passada a orientação para que as pessoas que tiverem febre alta e tosse procurem um serviço de saúde. Segundo ela, vizinhos que não tiveram contato próximo com a garota não precisam se preocupar.
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo investiga como a garota foi infectada, já que a família informou que ninguém viajou para o exterior ou teve contato com pessoas que saíram do país. "Não viajamos, não fomos para lugar nenhum. A menina teve um problema no domingo. Na segunda-feira teve uma febre e dessa febre aconteceu o que aconteceu", disse o tio da garota, Jurandir Pedro Vieira. Exceção
O secretário estadual de Saúde de São Paulo, Luiz Roberto Barradas Barata, declarou na sexta-feira (10) que considera a morte da menina uma exceção. O caso é tratado como raro, pois ninguém da família relata que viajou para o exterior ou teve contato com pessoas que saíram do país.
"O caso foi uma exceção excepcionalíssima", ponderou. "Os pais não devem ficar preocupados. A secretaria está investigando qualquer morte que envolva problemas respiratórios para saber se é caso de nova gripe", disse Barradas Barata.
A vítima procurou atendimento pela primeira vez no dia 28 de junho. Tinha dor abdominal, vômito e febre. No dia seguinte, voltou ao mesmo serviço de saúde com febre de 39 graus, tosse, dores no corpo e vômito. Depois de medicada, foi liberada. Até que em 30 de junho, deu entrada num hospital privado com infecção generalizada e foi internada na UTI. Seis horas depois, sofreu uma parada cardíaca e não resistiu.
O caso da menina, no entanto, só foi descoberto depois que o irmão, de 7 anos, apresentou sintomas durante o velório dela, levantando suspeitas da família. Ele foi levado ao hospital Emílio Ribas, onde foi constatada a contaminação.
Mas para o secretário de Saúde, não houve falha no diagnóstico. "Ela não preenchia o critério de suspeita por gripe suína. Tinha febre, mas os sintomas mais importantes da criança eram as dores abdominais", argumenta.
Segundo Barata, a infecção que levou à morte pode ter sido agravada por uma deficiência no sistema imunológico da menina. "Quando era pequenininha, dois, três anos de idade, ela teve uma hantavirose. Infecção grave pelo hantavírus. Isso pode ter deixado o sistema imunitário dessa criança comprometido. A gripe deve ter reduzido o sistema imunitário dessa criança e isso fez ela desenvolver a septicemia e consequentemente ir a óbito", diz.
A infecção pela nova gripe também foi confirmada na mãe, de 40 anos, e no pai, de 57. O garoto e a mãe passam bem, já tiveram alta e estão em isolamento domiciliar.
O pai permanece internado no Hospital Emílio Ribas. Hipertenso, está com um leve desconforto respiratório, mas passa bem.
Outro menino que manteve contato com a família também contraiu a nova gripe, mas passa bem. Osasco registra seis casos confirmados da nova gripe.
O estado de São Paulo tem 457 ocorrências confirmadas. Do número total, cinco pacientes permanecem internados. Dois deles, ambos adultos, em UTI (um na capital e outro no interior).
Casos no Brasil e no mundo
Os casos confirmados no país até a sexta-feira são referentes a pacientes dos estados de São Paulo (13), Minas Gerais (11), Rio Grande do Sul (11), Rio de Janeiro (9), Pará (3), Tocantins (3), Alagoas (1) e Pernambuco (1). O ministério acrescenta que dois casos do Paraná foram excluídos por erro no preenchimento do banco de dados. São Paulo continua sendo o estado onde foram constatados mais casos, com 457 casos e uma morte.
Até quarta (8), 977 casos da nova gripe haviam sido confirmados pelo ministério. No mesmo dia, o ministério informou que, a partir da próxima semana, os boletins passarão a ser semanais divulgados somente às quartas-feiras.
No mundo, até o momento já foram registrados 94.512 casos da nova gripe em 122 países. Segundo o ministério, 429 pessoas já morreram vítimas da doença. Os Estados Unidos, com 33.902 casos, lidera o ranking de países com mais confirmações. Na sequencia, estão o México (10.262), Canadá (7.983), Reino Unido (7.447), Chile (7.376), Austrália (5.298) e Argentina (2.485). O Brasil aparece em 11º lugar nessa relação.
Já quanto ao número de mortes registradas, os Estados Unidos lideram com 170. Depois, vêm o México (119), Argentina (60) e Canadá (25).
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