Parentes de pelo menos doze passageiros brasileiros do avião da Air France acidentado no dia 31 de maio se reuniram neste sábado (20) de manhã no Rio e formaram a Associação das Famílias das Vítimas do Voo 447. O objetivo do grupo é somar esforços aos familiares de franceses mortos na queda do Airbus, de modo a garantir seus direitos.
A reunião foi na casa do aposentado Nelson Marinho, pai do mecânico de engrenagens Nelson Marinho Filho, de 40 anos. Ele foi escolhido um dos representantes da associação. Marinho contou que já contactou a associação francesa. O aposentado pede que parentes de vítimas brasileiras que ainda não tenham entrado em contato com ele o façam imediatamente.
"Faço um apelo para que a imprensa me ajude a divulgar a associação. Vamos criar um e-mail e divulgar também. Juntos, temos mais força. Isoladamente, ninguém vai nos escutar. Nós temos que ser rápidos". A primeira preocupação da associação é achar um advogado com experiência em casos de acidentes aéreos que defenda seus interesses.
"Vamos entrar com pedido de tutela antecipada para receber o restante do seguro. Estão dando uma ninharia às famílias, quando o seguro total é muito maior", afirmou o aposentado. Os familiares das vítimas cobram também mais informações sobre o trabalho de identificação dos corpos resgatados, que está sendo feito em Recife desde o dia 11. "Estamos todos sofrendo muito. Cada dia aumentam a angústia e o sofrimento", disse Marinho.
Nesta sexta-feira (19), a Air France divulgou, em Paris, que pagará um adiantamento de 17.500 euros (o equivalente a cerca de R$ 48 mil) aos familiares das 228 pessoas a bordo do voo 447. No avião havia passageiros de 32 nacionalidades.
Embalsamamento
O Cemitério e Funerária Morada da Paz, no município metropolitano de Paulista, está com sua estrutura pronta para o embalsamamento dos corpos de vítimas do voo 447. Segundo a direção da funerária, o serviço foi contratado ontem (19) por uma seguradora da Air France.
O trabalho de embalsamamento de cada corpo deve durar em média de duas a quatro horas. De acordo com Guilherme Lithg, gerente estadual de operações do Grupo Vila - proprietário da funerária -, o embalsamamento ficará a cargo de uma equipe contratada pela seguradora da Air France, mas cinco técnicos da funerária foram escalados para auxiliar no trabalho.
O embalsamamento será feito numa área isolada. Três capelas foram transformadas em salas para eventual recepção do pessoal da companhia aérea ou de familiares, com acesso restrito somente a quem estiver credenciado.
No Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife, se encontram 49 dos 50 corpos resgatados na área de buscas do acidente. As liberações podem começar a ocorrer a partir desta segunda-feira (22). Para isso, é preciso que as famílias ou seus representantes legais assinem os atestados de óbitos. O último corpo resgatado se encontrava neste sábado (20) no navio-tanque da marinha brasileira Gastão Motta, na área de buscas, a cerca de 950 quilômetros do arquipélago de Fernando de Noronha, onde foi montada uma estrutura, desde o início da operação, para a pré-identificação dos corpos recolhidos.
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