São Paulo Uma comissão de senadores e deputados protocolou na Mesa Diretora do Congresso o pedido para a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas. O documento conta com 230 assinaturas de deputados e 30 de senadores. A comissão foi recebida pelo presidente interino do Congresso, senador Tião Viana (PT-AC), que vai repassar o pedido na segunda-feira para o titular, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
A CPI irá investigar a participação de deputados e senadores no desvio de recursos do Orçamento por meio da compra de ambulâncias superfaturadas.
Apenas 2 dos 16 deputados investigados pela comissão de sindicância da Corregedoria da Câmara assinaram o requerimento. São eles: João Correia (PMDB-AC) e Maurício Rabelo (PL-TO). O líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), único senador citado no esquema, preferiu não apoiar a CPI.
Tião Viana sinalizou que o Palácio do Planalto não tem interesse na CPI. Segundo ele, as investigações podem ser usadas pela oposição para atacar ainda mais a base aliada ao governo Lula que teria participado do esquema das ambulâncias. "A oposição pode usar a CPI para um novo confronto da base com o governo", advertiu.
Fiel aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Viana se colocou contrário à CPI. "Acho que este é um ano complicado para uma CPI. Além disso, qual a condição que a Câmara tem de fazer uma investigação quando as suspeitas recaem sobre tantos nomes daquela Casa?", questionou.
O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) defendeu um acordo entre os partidos para que a CPI não seja politizada. "Acho que tem que se fazer um acordo para mostrar que não terá disputa política, mas que existe o lado do bem e o do mal. O que não pode é todo mundo ficar sob suspeita", afirmou.
Para que a comissão seja instalada, o próximo passo é a conferência das assinaturas. Deputados e senadores ainda podem retirar os seus nomes do documento, inviabilizando a criação da CPI. Pelo regimento interno são necessárias 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado. Como o número apresentado ficou acima do necessário, a avaliação dos defensores da CPI é de que dificilmente ela será engavetada.
Atípico
Os autores do requerimento admitem que terão pouco tempo para concluir as investigações, já que esta legislatura se encerra em janeiro, mas advertem que a Câmara não pode usar isso como motivo para ignorar as denúncias. "Essa é uma situação atípica e exige de nós um comportamento atípico. Tem que ser bombardeado o raciocínio de que a cinco meses da eleição nada se faz de relevante neste Congresso", ponderou o deputado Chico Alencar (PSol-RJ).
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