Projetos em Curitiba e São José dos Pinhais
Atualmente, a prefeitura de Curitiba se debruça sobre o projeto de um parque linear ao longo de 45 quilômetros do Rio Barigui, na região Sul da cidade. A proposta, lançada em 2007, tem o objetivo de recuperar a bacia do rio e criar um espaço de lazer em uma região carente desse tipo de estrutura.
No fim do ano passado, os primeiros dois trechos do parque foram licitados. As obras, localizadas nos bairros Fazendinha e Cidade Industrial de Curitiba (ver mapa), em áreas pertencentes ao município, custarão R$ 20 milhões ao município. O valor foi levantado com a Agência Francesa de Fomento.
A própria prefeitura reconhece que a implantação plena do parque é um processo demorado, e a define como de "médio prazo". "O projeto do parque linear do Barigui funciona como um Plano Diretor para as margens do rio", define Sergio Tocchio, superintendente de Obras e Serviços da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. "Muitas áreas são particulares e precisam ser desapropriadas. Depois, vamos atrás do recurso para implantar o parque", afirma.
Para Clóvis Ultramari, arquiteto e professor na PUCPR, o plano representa um avanço na política ambiental da cidade. "É um reforço à ideia de corredores ecológicos, integrando áreas verdes até mesmo das partes mais adensadas de Curitiba", salienta. Para ele, a dimensão do projeto é louvável, ainda que aumente as dificuldades de execução. "Planos como esse podem, eventualmente, não ser implantados na íntegra ou exatamente como pensados. Porém, quando recursos são comprometidos e exemplos concretos são observados, a situação fica mais otimista", avalia.
Região metropolitana
A cidade de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), também está investindo no modelo. O Parque Linear do Rio Ressaca terá 6 quilômetros de extensão e largura de 8 a 30 metros, conforme o trecho. O custo é de R$ 38 milhões, obtidos com o Ministério das Cidades. As obras foram divididas em três etapas, e a primeira está 75% concluída.
O trajeto parte do portal da cidade, na Avenida das Torres, e segue até as proximidades do prédio da PUCPR. Depois de terminado, o parque vai beneficiar moradores de bairros como Boneca do Iguaçu, Santos Dumont, Vila Rocco e Moradias Potiguara. Cerca de 200 famílias que viviam em áreas irregulares à beira do rio estão sendo transferidas para imóveis de programas de habitação popular na área urbana da cidade.
O parque também servirá para receber água das chuvas. "Hoje as enchentes provocam um impacto ambiental e social muito grande. Queremos minimizar esses prejuízos e proporcionar espaços de lazer para a comunidade", defende Vera Lúcia da Rosa Coelho, coordenadora técnica do projeto. (OT)
A legislação, embora existente, não é suficiente para proteger cursos dágua e fundos de vale nas cidades brasileiras. Considerados Áreas de Proteção Permanente (APPs), esses espaços estão desprotegidos diante do avanço de construções e da poluição. Repetindo experiências internacionais e apostas de sucesso dentro do país, entretanto, várias cidades investem na criação de parques lineares um conceito que integra a proteção da biodiversidade à criação de espaços de lazer.
Para os curitibanos, uma referência imediata de parque linear é o Parque Barigui. Criado em 1972, ele exemplifica os conceitos desse tipo de projeto. A região do lago é cercada por uma zona de amortecimento destinada a proteger o lago e evitar enchentes, ao dar espaço para um volume expandido de água. A uma distância maior são instalados equipamentos de lazer. A estratégia, além de atrair pessoas para o local, costuma ser eficiente para conscientizar os frequentadores sobre a importância da manutenção do espaço.
"Essas áreas passam a ser de utilidade pública não apenas como decreto. As pessoas se apropriam do local, que se torna um bem comum e com isso é valorizado", avalia o ambientalista Procópio de Castro, mobilizador do Projeto Manuelzão uma iniciativa do curso de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ligada a questões ambientais.
Outro ponto positivo da criação de um parque linear é a destinação de espaço para a manutenção da fauna. Essa estratégia é mais eficiente na medida em que o parque está conectado a uma área verde maior, fora da cidade. Mas ainda que o espaço esteja ilhado em meio ao concreto, haverá ganho. "Não podemos esquecer que os pássaros voam", brinca Procópio. "Existem microanimais, desde a minhoca. Há muito a ser olhado e protegido", defende.
O nome "parque linear" deriva do conceito de "cidade linear", um modelo de urbanismo surgido na Espanha no final do século 19, no momento em que as preocupações com o deslocamento começam a atingir os planejadores de cidade. No modelo linear, um via principal é criada para servir como espinha dorsal a uma série de serviços. Transposto ao parque, o raciocínio é oferecer uma espécie de respiro à paisagem urbana. "Imagine se a Grande São Paulo tivesse todos os fundos de vale transformados em áreas verdes para lazer. A qualidade do ar, de vida e a saúde das pessoas seriam muito melhores", projeta Procópio.
Implantação
A criação de um parque linear encontra um obstáculo básico na expansão desordenada da cidade. Muitas áreas com potencial para esse aparelho urbano estão ocupadas com moradias irregulares. Ou então pertencem a particulares, o que obriga o município a iniciar um processo demorado de desapropriação.
"Quanto mais consolidada é a ocupação de uma cidade, mais difícil é agregar um metro quadrado de área verde nela", explica Clóvis Ultramari, arquiteto e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). "Os parques de Curitiba, por exemplo, não foram áreas desapropriadas, mas tornadas parques justamente porque não estavam ocupadas", ilustra.
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