Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
PL das Fake News

Partido Novo denuncia Flávio Dino por abuso de autoridade ao impor sanções ao Google

Novo denuncia Flávio Dino por abuso de autoridade ao impor sanções ao Google
Flávio Dino, Ministro da Justiça e Segurança. Ao fundo, o secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous (Foto: Tom Costa/MJSP)

Ouça este conteúdo

O partido Novo apresentou, nesta sexta-feira (5), uma denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) contra o ministro da Justiça e Segurança, Flávio Dino, e o secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous, por abuso de autoridade. A denúncia tem relação com a medida cautelar contra o Google anunciada pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacom), vinculada à pasta comandada por Dino, na terça-feira (2), data em que estava prevista a votação do PL das Fake News na Câmara dos Deputados. O projeto de lei tem sólido apoio do governo federal, e o ministro denunciado também já se posicionou diversas vezes favorável à proposta.

Durante o dia, Dino convocou uma coletiva de imprensa para anunciar uma série de medidas contra o Google. A empresa de tecnologia mantinha desde o início do dia uma notificação em seu site com link para um texto com o título “Como o PL 2630 pode piorar a sua internet”, com críticas ao projeto de lei. Além de ordenar a exclusão do informe, o ministro de Lula exigiu que a empresa publicasse uma contrapropaganda com mensagens favoráveis ao PL das Fake News sob pena de multa de R$ 1 milhão por hora de descumprimento e sugeriu, sem provas, que o site de buscas estaria manipulando os resultados de pesquisas para beneficiar sites que falassem contra o PL das Fake News.

Sanções impostas pelo governo têm fundamentação abstrata, confusa e sem ligação com o caso, diz partido

Na denúncia apresentada pelo Novo, o partido afirma que Dino e Damous teriam cometido três crimes previstos na Lei de Abuso de Autoridade:

  • Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito funcional ou de infração administrativa.
  • Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa fundamentada ou contra quem sabe inocente.
  • Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa fundamentada ou contra quem sabe inocente.
    (grifos do autor da denúncia)

O partido sustenta que a imposição de sanções administrativas deve ser acompanhada de fundamentação clara, explícita e com relação direta com o caso. Em outras palavras, entende que o governo não apresentou mínimas justificativas legais que comprovassem as supostas irregularidades a ponto de justificar a medida cautelar.

“Simplesmente não há amparo legal para a atuação do Ministro Flávio Dino e do Sr. Wadih Damous, Secretário Nacional do Consumidor. E é precisamente por isso que eles fundaram essa decisão sancionatória e abusiva em preceitos legais abstratos, confusos e, principalmente, não formulados para regular o caso do GOOGLE, um caso de exercício legítimo da liberdade de opinião”, diz trecho da denúncia.

Para justificar a decisão, o secretário da Senacom mencionou os artigos 4º, 6º, 20, 37 e 39, todos do Código de Defesa do Consumidor (CDC). Nenhum deles, segundo a denúncia, tem a ver com o caso concreto envolvendo o posicionamento do Google contrário ao projeto de lei em questão.

“O art. 4º trata simplesmente de princípios de defesa do consumidor. O art. 6º, III, trata da informação adequada de produtos e serviços, mas em relação à especificação, composição, qualidade, tributos e riscos. O art. 20 trata dos vícios do produto que o tornem impróprios para consumo. O art. 37 trata da publicidade enganosa ou abusiva e o art. 39 cuida de práticas abusivas inteiramente dissociadas do caso específico”, aponta o Novo.

Por fim, o partido também destaca na denúncia o interesse do governo em ver aprovado o PL das Fake News, o que colocaria o ministro como parcial ao usar o poder do Estado para empregar medidas com o poder de silenciar críticas à proposta.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.