Cancelamentos de vôos causam indignação
Curitiba Muita indignação entre os passageiros dos vôos que deveriam partir ontem do Aeroporto Internacional Afonso Pena. Um grupo de quatro advogados que iriam prestar um concurso público para juiz no Distrito Federal estava revoltado com a impossibilidade de chegar a Brasília, a tempo de fazer a prova, que ocorre hoje a partir das 9 horas da manhã. O vôo 1836, da Gol, que estava marcado para as 10h26 de ontem, havia sido cancelado e remarcado para as 19 horas. "A empresa informou que não ia ter como nos atender hoje (ontem), pois não caberiam os passageiros de ontem e hoje no mesmo avião. Quero saber quem vai pagar as minhas despesas com hospedagem e inscrição. Isso é uma palhaçada", desabafou a advogada Ângela Tomaru, 30 anos, que enquanto falava com a reportagem soube da possibilidade de decolar ainda ontem. "Viu, é muita desinformação, mas não saio daqui até que isso se resolva", diz.
Já a professora aposentada Terezinha Santos, 52 anos, também iria embarcar no mesmo vôo que o grupo de advogados. A diferença é que esta era a segunda tentativa chegar a Brasília, para passar toda a semana de Páscoa. Anteontem, por volta das 19 horas, Terezinha conseguiu entrar no avião, em companhia de sua filha, Indioara, 36 anos e seu neto, Mateus, 11 anos. "Mas a aeromoça pediu para que saíssemos e informou que não íamos decolar. Agora consegui remarcar a viagem para as 19 horas (de ontem). Só que desconfio se vamos ou não sair de Curitiba. Isso é uma vergonha", diz.
Indignação semelhante era da atriz e diretora teatral Maria Luíza Mendonça, que participou do Festival de Teatro de Curitiba. "As informações são truncadas, não tem satisfação para o povo brasileiro, acho uma falta de respeito absurda com o país." "Isso cansa", reclamou Eurides Morais, de 76 anos, que aguardava desde as 6 horas da manhã o vôo que a levaria a Natal (RN).
Tatiana Duarte e agências
Curitiba O engenheiro Luiz Fernando Ferrari Mosca, 54 anos, será sepultado hoje à tarde no cemitério João XXIII, em Porto Alegre, onde morava. Mosca morreu ontem por volta das 6 horas da manhã de enfarte agudo do miocárdio, após passar a noite no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.
O engenheiro tinha um vôo marcado para a noite de ontem, que o levaria à capital gaúcha, e passou a noite na sala vip da empresa Gol à espera da decolagem. Segundo informações da assessoria de imprensa da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), Mosca passou mal por volta das 5h30 da manhã, foi atendido pela equipe médica da empresa e transportado de ambulância ao Hospital Santa Cruz, em Curitiba, onde morreu após o atendimento.
Ontem, o aeroporto permaneceu fechado para pouso e decolagens até as 8h30 da manhã. A neblina deixou o aeroporto fora de operação desde as 21h40 de anteontem, durante a paralisação dos operadores de vôo, que ocorreu em todo o país até a madrugada de ontem. Ainda não se sabe se a morte do engenheiro tem ligação com a confusão provocada pela greve.
O engenheiro tem um irmão que mora em Curitiba, que nem sabia da passagem dele pela capital paranaense. O irmão não quis dar declarações à imprensa, mas de acordo com uma pessoa ligada à família que pediu para não ser identificada, Mosca não tinha problemas de saúde. "Ele era obeso e sedentário. Não se sabe se ele ficou nervoso com o problema no aeroporto", diz. O traslado do corpo foi feito por via terrestre no início da tarde de ontem pela funerária Paranaense. De acordo com o serviço funerário municipal de Curitiba, novas normas da vigilância sanitária não permitem que o transporte de urna mortuária seja feito pelo Afonso Pena.
A mesma pessoa informou que um funcionário da empresa Gol acompanhou a liberação do corpo, mas não garantiu nem a doação das passagens até a capital gaúcha para a família do engenheiro morto, que mora em Curitiba. A assessoria de imprensa da Gol foi procurada, mas ninguém atendeu o telefone. O supervisor de operações da empresa em Curitiba, que não se identificou, disse que não sabia de morte alguma e não podia prestar declarações.
Durante toda a manhã de ontem o movimento foi intenso no aeroporto e foi maior nos guichês da empresa Gol. Segundo a assessoria de imprensa da Infraero, do total de 56 vôos programados, até as 12 horas, 11 foram cancelados e 21 estavam atrasados.
Acordo
Controladores de vôo consultados pela reportagem revelaram que o trabalho de monitoramento em Curitiba estava ainda mais complicada nos últimos 20 dias, por conta da suspensão de dois militares por insubordinação. Com o aeroporto já fechado por causa da neblina, os controladores do Cindacta II (que inclui a área de cobertura aérea do Paraná) participaram na noite de sexta-feira de uma reunião com 75 profissionais. Por volta das 23 horas, quando o sistema lento já congestionava os aeroportos, eles decidiram pelo aquartelamento voluntário. O trabalho seguiu com apenas um controlador em cada torre, somente para situações de emergência, até às 1h30 de ontem, quando chegou a notícia de que o governo federal estava propondo um acordo, nos seguintes termos: a não punição dos insubordinados, adicional imediato na remuneração e desmilitarização. Só a partir daí o serviço de pousos e decolagens foi retomado.
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