Quando uma mulher sofre assédio dentro do ônibus, como aconteceu com a estudante Graziela, na tarde de terça-feira (5), a melhor forma de garantir a detenção do suspeito é fazer a denúncia “na hora” para a Guarda Municipal, por meio do telefone 153. Considerando a situação de estresse em que se encontra a vítima – e quaisquer outros fatores que a impeçam de fazer a denúncia, a Guarda apela a quem esteja testemunhando a situação que aja – e rapidamente.
“Se a pessoa estiver sendo assediada, não necessita ela mesma fazer a ligação. Apelamos bastante para a sensibilização da sociedade, porque as pessoas ao redor podem ajudar”, diz a coordenadora da Patrulha Maria da Penha e da Gerência de Instruções da Guarda Municipal, inspetora Cleusa Pereira. Conforme Cleusa, o denunciante não precisa fornecer dados pessoais à Guarda, mas deve dar o máximo de informações possível sobre o itinerário do ônibus e o suspeito: nome da linha, local por onde estão passando, terminal mais próximo (se a linha passar por um), características físicas do suspeito, detalhes sobre vestimenta, etc.
“Com essas informações, acionamos a viatura mais próxima e tentamos interceptar o ônibus”, explica Cleusa. Caso isso aconteça (ou caso os outros passageiros ou funcionários da Urbs consigam segurar o suspeito até a chegada da Guarda), vítima e suspeito são levados a uma delegacia; testemunhas também podem contribuir, mas não é obrigatória a presença delas.
15 homens detidos
Foi com esses procedimentos que a Guarda conseguiu deter 15 homens, entre as 107 denúncias, desde o início da campanha “Busão Sem Abuso”, em 25 novembro de 2014 . “Nós tivemos um caso em que a população segurou o suspeito no ônibus. Quando o veículo chegou ao terminal, eles entregaram ele para o vigilante até a viatura chegar. Em outro caso, a vítima nos acionou e interceptamos o ônibus. O próprio motorista já tinha parado o coletivo quando a viatura chegou, para ajudar”, conta a inspetora.
Denúncia na Polícia Civil
Mesmo que não haja flagrante, vítimas de situações como essa devem fazer a denúncia na Polícia Civil para que haja investigação. “É importante que a pessoa nos busque imediatamente, porque esse homem pode ser uma pessoa que sequer tem uma ficha criminal, o que dificulta a identificação”, diz a titular da Delegacia da Mulher, Sâmia Coser.
Se houver, como no caso da estudante, evidência do assédio, a recomendação é levar isso à polícia. “Se observar que há vestígios de esperma na roupa, a primeira reação é se desafazer da peça, lavar ou jogar fora, mas não faça isso. É melhor pegar a vestimenta, colocar num saco de papel, de preferência, e levar para a delegacia. Lá eles terão condições de identificar, através da polícia técnica, essa pessoa”, recomenda a inspetora da Guarda Municipal.
Para a polícia, a descrição detalhada do também é útil. A partir disso, a prefeitura e empresas responsáveis pelo transporte público serão acionadas para fornecer as imagens de câmeras presentes em ônibus, estações-tubo e terminais, contribuindo para a identificação do suspeito.